Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2016.
O Congresso não
aprovará medidas como a recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação
Financeira (CPMF), se o governo não fizer sua parte e mostrar o corte de
gastos, disse hoje (11) o senador Romero Jucá (PMDB-PR). Ele não comentou a
decisão do governo de adiar o contingenciamento (bloqueio) de verbas do
Orçamento deste ano, mas cobrou engajamento do governo, após sair de reunião
com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.
“O Congresso não vai
votar, na minha avaliação, aumento de receita sem discussão da despesa e do que
vai ocorrer no futuro. Apenas aumentar impostos não resolve o problema das
contas públicas, senão vai ter que aumentar de novo daqui a um ano. Temos que
aproveitar a crise atual e realmente construir uma solução duradoura, definitiva”,
declarou Jucá, ao ser perguntado sobre o comprometimento da base aliada com a
CPMF.
Embora o Orçamento
deste ano estabeleça este ano meta de superávit primário – economia para pagar
os juros da dívida pública – de R$ 30,5 bilhões para a União, os estados e os
municípios, Jucá disse defender a meta fiscal zero para 2016. Segundo ele, esse
cenário é mais realista que a meta de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB, soma
das riquezas produzidas no país), mas exigirá bastante esforço por parte do
governo.
“Sempre defendi uma
meta zero [de superávit primário]. O governo deve fazer um grande esforço para
ter déficit zero, o que já é um grande avanço tendo em vista o déficit do ano
passado. Um superávit seria feito somente a partir do próximo ano. Discordei da
meta de 0,5% [do PIB] desde o início porque o número não é factível”, destacou
o senador.
Apesar de defender os
cortes de gastos públicos, Jucá declarou que será bastante difícil para o
governo contingenciar recursos porque o Congresso aprovou um Orçamento enxuto,
sem margem para cortes. Segundo ele, a equipe econômica terá de tomar decisões
difíceis e discutir o tamanho do Estado brasileiro.
“Acho que o Orçamento
está bastante realista. Qualquer contingenciamento hoje será difícil porque,
com um Orçamento engessado, sobra pouca coisa para cortar. Acho que não tem
mais gordura. Agora, vai se cortar membro, é amputação. Não é lipoaspiração.
Vamos ter que discutir efetivamente tamanho do Estado, que programas o governo
deve fazer”, comentou.
O parlamentar disse
ainda que o governo não deve mexer nas reservas cambiais, atualmente em torno
de US$ 380 bilhões.
Agência Brasil