Segunda-feira, 08 de Fevereiro de 2016.
Diante do aumento da pressão da oposição sobre o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o PT, com o aval do Palácio do Planalto, tenta
blindá-lo no Congresso e evitar que as investigações da Operação Lava Jato
afetem o governo da presidente Dilma Rousseff.
A estratégia
para proteger Lula passa pela coleta de assinaturas para criação de duas CPIs
na Câmara que têm governos tucanos como alvo, bem como a distribuição para
deputados de uma cartilha editada em três línguas com a defesa do partido e
também do ex-presidente petista e a utilização do plenário da Câmara e do
Senado como tribuna de defesa dele.
Nessa
terça-feira (2) o PT deu início a campanha, no rádio, na TV e na internet, para
defender Lula. A partir de agora, o partido terá o reforça do Planalto e da
base de Dilma, apesar de, em privado, ministros e assessores da presidente
reconhecerem que as explicações dadas pelo ex-presidente para as suspeitas
contra ele foram insuficientes até agora e deixaram muitas perguntas sem
respostas.
As medidas da
blindagem têm como primeiro objetivo responder ao plano da oposição de
apresentar requerimentos para convocar Lula para depoimentos e de criar uma
comissão parlamentar de inquérito para investigar a Cooperativa Habitacional do
Sindicato dos Bancários (Bancoop) e sua relação com o PT. A mulher de Lula,
Marisa Letícia, teve a opção de compra de uma unidade no condomínio Solaris, no
Guarujá (SP), investigado pela Lava Jato e pelo Ministério Público paulista.
PSDB
Após o carnaval,
deputados petistas passarão a coletar assinaturas para criar as CPIs da máfia
da merenda escolar, com foco no governador de São Paulo, Geraldo Alckmin
(PSDB), e da Mineração, com foco no senador e ex-governador de Minas Aécio
Neves (PSDB).
A primeira
pretende investigar denúncias de superfaturamento e pagamento de propina em
contratos de merenda escolar em São Paulo, que envolvem secretários do governo
tucano e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Fernando Capez
(PSDB).
Já a outra CPI
pretende se debruçar sobre apuração do Ministério Público de Minas Gerais que
investiga como a mineradora Samarco conseguiu autorização do governo estadual
para a construção da barragem de Fundão, que rompeu em novembro do ano passado.
Em reunião com o
presidente nacional do PT, Rui Falcão, para a condução de Afonso Florence (BA)
à liderança do partido na Câmara, deputados receberam uma cartilha intitulada
“Em defesa do PT, da verdade e da democracia”, editada em português, inglês e
espanhol. O material foi publicado no fim do ano passado.
O presidente do
partido pediu que os deputados petistas saíssem em defesa de Lula em discursos
e na internet.
A ordem foi
obedecida de imediato e gerou mais discussão que as avaliações a respeito da
visita da presidente Dilma Rousseff ao Congresso, no dia anterior, na tentativa
de estabelecer diálogo para levar adiante propostas polêmicas como a reforma da
Previdência e a recriação da CPMF.
“Respeitem a
história do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, bradou o ex-líder da bancada
Sibá Machado (AC).
Oposição critica
A oposição
criticou nesta quarta-feira, 3, a estratégia do PT de defender o ex-presidente
Lula no Congresso. O presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), disse que essa não
deve ser a pauta do Legislativo.
“No que depender
de mim, não vou trazer esse caso para o embate político. Lula é investigado
pela área competente e ele vai poder se defender das acusações”, afirmou.
Segundo o senador, neste momento o Congresso deve ser um espaço de debate de
propostas para sair da crise.
O líder do PSDB
no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), disse que “assuntos de polícia devem ficar
com a polícia”. Ele criticou o fato de senadores petistas terem anteontem feito
a defesa de Lula logo após a presidente Dilma Rousseff ter discursado na
Câmara.
“No outro
plenário, a presidente veio com tom de apoio e conciliação. Minutos depois, no
Senado, não fizeram uma referência à vinda da presidente ao Congresso e
partiram para a agressão a senadores do PSDB e ao ex-presidente Fernando Henrique.”
O Ministério
Público paulista intimou Lula e sua mulher, Marisa Letícia, a depor, como
investigados, sobre um tríplex no Guarujá (SP).
PBHoje