Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2016.
Na terça-feira (23), a Agência
Espacial Americana, a Nasa, anunciou ter detectado a maior "bola de
fogo" registrada na Terra desde 2013, com localização a pouco mais de mil
quilômetros da costa do Brasil. O termo é usado para descrever meteoros de
brilho incomum e, consequentemente, mas fáceis de serem visto.
Pouco se
sabe sobre o evento, que até agora parece ter sido detectado apenas pela Nasa,
como parte de um programa de mapeamento de asteroides - conhecido como NEO e
que inclui uma rede de satélites militares previamente usado para monitorar
testes nucleares.
Até porque a agência estima que o objeto tenha explodido a 31km de altura, em 6
de fevereiro. Pelos cálculos da agência, a explosão liberou o equivalente a 13
mil toneladas de dinamite.
O meteoro se desintegrou, mas algumas perguntas ficaram.
Quão
perigoso foi o evento?
Segundo a Nasa, objetos espaciais com menos de 100m de extensão e feitos
primariamente de rochas tendem a se romper em grandes altitudes ao entrar na
atmosfera da Terra. Dados fornecidos pelos satélites americanos revelam que a maioria
deles se desintegra sem sequer atingir o solo, o que explicaria por que muitas
vezes não os vemos.
O problema são os asteroides compostos por metal, que podem resistir à entrada
na atmosfera.
Mas a última vez em que um objeto causou danos significativos foi em 1908,
quando um asteroide ou cometa medindo de 60m a 190m explodiu a cerca de 10km de
altura sobre a região da Sibéria, na Rússia, liberando energia mil vezes maior
que a da bola de fogo deste mês.
Felizmente, a explosão ocorreu sobre uma região pouquíssimo habitada na época.
Não há relato de vítimas. Mas cientistas estimam que uma área de 2.000km
quadrados (e 80 milhões de árvores) foi devastada pela energia liberada, e que
as ondas de choque derrubaram pessoas a 60km do epicentro. O potencial, segundo
astrônomos, seria suficiente para arrasar Londres e seus subúrbios, causando
milhões de mortes.
A
destruição poderia ser bem pior caso houvesse choque com a superfície: uma
hipótese científica alega que o impacto de um meteoro possa ter sido responsável
pela extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos. Mas acredita-se que o
objeto medisse pelo menos 10km de diâmetro.
Quais
são as chances de impacto?
Astrônomos se fiam em estatísticas para estimar que asteroides de pelo menos
50m de diâmetro podem atingir a terra uma vez a cada século. Corpos com mais de
1km têm probabilidade de colidir com planeta uma vez a cada 100 mil anos. Ao
mesmo tempo, segundo a Nasa, a Terra é constantemente atingida por asteroides -
pelo menos 100 toneladas de objetos.
Mas a maioria deles é pequena demais para passar pela atmosfera terrestre. As
"bolas de fogo" ocorrem pelo menos uma vez por ano.
E ainda não existe registro oficial de mortes por asteroides.
Podemos
rastrear asteroides?
Existem diversas redes ao redor do mundo rastreando e catalogando possíveis ameaças espaciais. O programa NEO, da Nasa, por exemplo, iniciou em 1998 um inventário de rochas espaciais com diâmetro maior que 1km cuja órbita possa aproximá-los da Terra, mas desde 2005 o trabalho passou a englobar também asteroides a partir de 140m. O programa tem como objetivo encontrar 90% deles até 2020.
Existem diversas redes ao redor do mundo rastreando e catalogando possíveis ameaças espaciais. O programa NEO, da Nasa, por exemplo, iniciou em 1998 um inventário de rochas espaciais com diâmetro maior que 1km cuja órbita possa aproximá-los da Terra, mas desde 2005 o trabalho passou a englobar também asteroides a partir de 140m. O programa tem como objetivo encontrar 90% deles até 2020.
Mas a missão é árdua: em 2012, o asteroide BX34 passou a 61 mil km da Terra,
uma distância considerada próxima em termos astronômicos. O objeto espacial
tinha sido descoberto apenas DOIS dias antes.
A "bola de fogo" que explodiu sobre os céus da Rússia em 2013 e
deixou 100 pessoas feridas não tinha sido detectada.
O
que fazer se descobrirmos um objeto "endereçado" à Terra?
Uma estratégia já é conhecida por quem viu o filme Armagedon, com Bruce Willis:
um asteroide pode ser desviado de seu curso com a explosão de uma bomba nuclear
carregada por uma nave espacial.
O problema aqui é que a explosão poderia mandar pedaços múltiplos em direção ao
planeta se algo desse errado. A Agência Espacial Europeia (ESA) tem um projeto
conhecido como Dom Quixote, com o qual planeja colidir uma espaçonave com um
asteroide e estudar os efeitos. Mas ainda não há cronograma para nenhuma
missão.
G1