Quinta-feira, 04 de agosto de 2016
A Comissão Especial do Impeachment concluiu
no fim da tarde desta quarta-feira (3) a sessão de discussão do relatório do
senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que deu voto favorável ao impeachment da
presidente afastada Dilma Rousseff por crime de responsabilidade.
A votação do relatório de Anastasia ocorrerá na próxima
quinta-feira (4), a partir das 9h. Cada senador terá dois minutos para
encaminhar o voto, que poderá ser pelo parecer do relator ou pelo voto em
separado, apresentado pelos apoiadores de Dilma, no qual eles afirmam a
inocência dela.
O advogado de acusação, João Correia Serra, elogiou o parecer de
Anastasia e ressaltou o conhecido caráter “centralizador” da presidente
afastada, que servem, segundo ele, para atestar a impossibilidade de que Dilma
não tivesse conhecimento ou que não comandasse diretamente os atos pelos quais
é acusada.
“Não há como imaginar, sendo a presidente Dilma centralizadora e
autoritária, como sempre se disse, não há como negar, porque isso é fato
notório, que ela simplesmente ignorasse ou achasse que seus técnicos do Banco
Central, do Banco do Brasil, da Secretaria do Tesouro Nacional, à sua revelia,
teriam se juntado ao mesmo tempo numa ação concentrada para fazer uma
ilegalidade gravíssima contra a Constituição. É claro que isso teve um comando,
é inadmissível imaginar o contrário.”
O advogado da defesa de Dilma, José Eduardo Cardozo, afirmou ter
certeza de que o relatório de Anastasia não comprova que a presidenta afastada
tenha praticado crimes e acusou o relator de ter agido de maneira “apaixonada”
ao escrever o parecer.
“Diante das provas dos autos, de tudo aquilo que foi provado
pela perícia, pelas testemunhas, pelos documentos, eu tinha uma expectativa:
conseguiria o senador Anastasia se libertar da paixão partidária e olhar os
autos, olhar as provas, olhar direito? Conseguiria ele utilizar todo o
potencial que sempre teve para buscar a verdade, ao invés de curvar-se à
paixão? Com todas as vênias, o nobre relator, com toda a sua genialidade, não
conseguiu isso; conseguiu defender, com o brilhantismo de praxe, a tese do seu
partido, mas, efetivamente, ele não conseguiu reunir e captar a verdade desses
autos”, afirmou Cardozo.
Questão de ordem
Uma das principais defensoras da presidenta afastada na
comissão, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), voltou a apresentar questão
de ordem na reunião desta quarta. Ela pediu que fosse retirado do parecer de
Anastasia o trecho que fazia menção ao depoimento de uma testemunha dispensada
por problema de saúde.
“Não é
justo com a testemunha pegar isso, uma testemunha que veio doente, que mal
iniciou uma resposta e foi interrompida pelo advogado da defesa, que pediu a
dispensa porque a testemunha não conseguiu sequer falar, na conclusão do único
raciocínio que iniciava. Usar essa fala? Transcrever? Eu também não posso
respeitar esse relatório, eu não posso”, disse a senadora.
No
entanto, a questão foi negada pelo presidente da comissão, senador Raimundo
Lira (PMDB-PB), que alegou que, no episódio, a testemunha não foi acometida por
doença que comprometesse o pleno exercício de suas “faculdades mentais” ou sua
capacidade de raciocínio.
“O
início de seu depoimento, portanto, compõe o acervo probatório dos autos,
podendo ser considerado para todos os efeitos. Ademais, a mesma testemunha foi
novamente inquirida em 20/06, dando continuidade ao seu depoimento completo”,
afirmou o presidente, ao indeferir a questão.
Agência Brasil