Já pensou se na universidade você só
estudasse os assuntos que gosta? O Filme “aprovados”, de comédia, lançado em
2006, conta a história de um rapaz que foi reprovado por 18 universidades dos Estados
Unidos e a partir daí, para enganar seus pais, ele inventa que foi aprovado
numa universidade fictícia. Faz um site falso e coloca-o, sem querer, no ar.
Muitos outros “rejeitados” se inscrevem e foram aprovados automaticamente para
estudar no Instituto de Tecnologia South Harmon, a escola alternativa de ensino
superior.
A filosofia da escola é: “O que você quer aprender”? Cada um
escolhe as mais loucas matérias. Uns querem apenas pintar, outros querem ouvir
músicas, não há provas, trabalhos, avaliações, professores chatos ensinando
matérias irrelevantes, etc. Outros querem aprender arte culinária, artes
plásticas, esportes, fotografia, qualquer coisa. Parece absurdo. Aliás, com
certeza é um absurdo! Já imaginou uma faculdade onde cada um estuda o que quer?
Claro, tirando os exageros do filme, a pergunta que fica é: Por que não?
Já pensou se cada um estudasse aquilo que gostasse? Salas de
aulas chatas seriam extintas. Assuntos que não tem nada a ver com a vida
prática não existiriam e as pessoas seriam mais livres para expressar seus
talentos. Teriam muito mais tempo para amadurecer seus dons. Aperfeiçoar-se
naquilo que realmente têm aptidões e não o que é imposto pela “grade
curricular”. Penso que em um ambiente assim, mais livre, algum Shakespeare (que
nunca cursou uma faculdade) poderia desabrochar.
Talvez você esteja se perguntando: isso nunca vai acontecer.
Creio que toda utopia é possível. De fato, não é de hoje que os grandes
pensadores e educadores brasileiros discutiam as questões da educação no Brasil.
Homens como Rubem Alves e Paulo Freire, cansaram de pregar que a forma de
ensino das escolas precisa ser revista. Ainda hoje existem muitas vozes que
gritam no ouvido surdo do MEC. São como João Batista pregando no deserto.
Falando sobre educação, por exemplo, Rubem Alves disse o
seguinte: “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que
são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros
engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los
para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser
pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam
pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos
pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o
voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser
encorajado”.
Muitas escolas e faculdades continuam sendo gaiolas. Não há
espaço para a criatividade, a imaginação, para que a arte faça seu voo sem
reservas. O que um prisioneiro faz numa gaiola? Geralmente, em muitos momentos,
pensando na liberdade que há lá fora. Assim também são os alunos. Passam as
horas entediadas de uma aula pensando na hora que vão sair para a liberdade.
Para poder voar livre das correntes escolares. E, como não podem se livrar,
fazem qualquer coisa para que a hora passe mais rápido: conversam, mexem no
celular, desenham, cochilam, etc. E o que fica no final da aula profunda do
dedicado e sofredor professor? Praticamente nada prático, e alguns ainda dão
tarefas de casa para ocupar a mente dos jovens indisciplinados. Que chatice…
Concluo, para refletirmos, com uma frase do maior educador
brasileiro, Paulo Freire: “Ninguém nega o valor da educação e que um bom
professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus
filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra
o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que
permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de
mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso
da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho…
pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com
elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores,
fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem
diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem ‘águias’ e não
apenas ‘galinhas’. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem
ela, tampouco, a sociedade muda”.
Pr. Antônio Pereira Jr.
(1ª Igreja Congregacional em Guarabira – PB).
E-mail: oapologista@yahoo.com.br
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