Quinta-feira, 20 de outubro de 2016
Você chega em casa depois do
trabalho extremamente cansado, quase se arrastando? A dor nos músculos é
constante e não vai embora? Você perde cabelo na mesma velocidade com a qual
ganha rugas?
Se algum desses sinais lhe soa familiar, você vai se surpreender
ao saber que pode estar relacionado à ingestão de proteína (pobre).
"O mais comum é que as pessoas consumam proteínas em
excesso", diz Aisling Pigott, porta-voz da Associação de Nutricionistas do
Reino Unido, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"Mas as dietas muito baixas em calorias ou mal equilibradas
podem levar a um déficit proteico", acrescenta Pigott.
Proteínas desempenham um papel fundamental em nosso organismo.
Nossos músculos, cartilagens, ligamentos, pele, cabelo e unhas são compostos
basicamente de proteína, constituída a partir de cadeias de aminoácidos.
Moléculas menores de proteína são talvez menos conhecidas, mas
vitais para o funcionamento do corpo. Entre as proteínas mais famosas, por
exemplo, estão hemoglobina, anticorpos, certos hormônios (como a insulina) e
enzimas.
Tudo isso faz com que o uso dessas cadeias de aminoácidos não
apenas seja vital para o aporte de energia, mas também para a reparação de
tecidos, a oxigenação do corpo e o sistema imunológico.
Se nosso corpo não recebe a quantidade de proteína de que
precisa, começará a lançar sinais de alerta.
Confira alguns deles:
1. Fadiga
A fadiga excessiva ou crônica é o primeiro sinal de falta de proteína.
Dado que a deficiência desse composto é derivada diretamente de
uma dieta pobre em calorias, o organismo não conta com energia suficiente para
cumprir tarefas rotineiras.
"Há um mínimo necessário de proteínas que devemos consumir
todos os dias para o corpo funcionar corretamente", diz à BBC Mundo a
nutricionista Elizabeth González, porta-voz das Associação de Nutricionistas de
Madri, na Espanha.
Recomenda-se comer entre 0,7 e 0,8 gramas de proteína por quilo
de peso. Por isso, um homem de 80 quilos deveria consumir 64 gramas de proteína
por dia. Em média, homens devem consumir 55 gramas, e mulheres, 45 gramas, todos os
dias.
"Mas depende da atividade física da pessoa ou se ela está
em fase de crescimento. A quantidade necessária de proteína pode ser
maior", afirma Aisling.
2. Fraqueza de cabelo e pele
Um segundo alerta sobre a falta de proteína no corpo é queda ou enfraquecimento
do cabelo.
As proteínas mantêm o cabelo saudável e em fase de crescimento.
Isso porque o cabelo - e os folículos que os sustentam - são
feitos de proteína e a falta dessas moléculas os enfraquece.
Essa é uma das razões pelas quais os cabelos de pessoas que
fazem dietas com baixo teor proteico tendem a crescer mais lentamente. E, em
casos extremos, pode ocorrer queda dos fios.
Assim como o cabelo, as unhas e a pele também dependem das
proteínas para se regenerar.
A pele é composta por três tipos de proteínas: colágeno,
elastina e queratina.
"Níveis baixos dessas proteínas causam rugas e deixam a
pele mais fina", explica em seu site a Clínica Cleveland, nos Estados
Unidos.
3. Perda de massa muscular
Um terceiro sintoma está relacionado aos músculos.
A insuficiência de proteína reduz a massa muscular,
impedindo-nos de realizar atividades físicas.
Estes distúrbios musculares, em um nível muito avançado, podem
causar câimbras irritantes.
"Esse tipo de proteína que também comemos parece
desempenhar um papel central em evitar a perda muscular", diz a
nutricionista Jennifer K. Nelson, no site da Clínica Mayo.
Isto é importante, por exemplo, no caso de pessoas idosas, que
tendem a perder massa muscular com o avanço da idade. As proteínas que comemos têm vários tipos de aminoácidos.
"Estudos mostram que o aminoácido leucina preserva a massa
muscular", afirma Jennifer.
A leucina é mais encontrada em alimentos de origem animal, como
carne bovina, cordeiro, carne de porco, frango, peixe, ovos ou laticíneos.
Também é encontrada na soja e, em menor grau, em outros grãos,
nozes e sementes.
4. Doente com frequência
Um quarto alerta importante sobre a falta de proteína é a frequência com que
ficamos doentes.
"É impossível para o sistema imunológico funcionar sem
proteínas. Até porque os anticorpos são estruturas formadas por
proteínas", diz Elizabeth à BBC Mundo. De fato, uma das principais funções das proteínas é apoiar o sistema
imunológico.
Neste sentido, uma dieta pobre em proteínas nos expõe mais
facilmente a infecções e resfriados.
5. Os gases e prisão de ventre
E, finalmente, a falta de proteínas também está associada a problemas
digestivos, como gás e constipação.
Para uma boa digestão, os aminoácidos são fundamentais e seus
níveis são diretamente proporcionais à nossa ingestão de proteínas.
Barato e acessível
As proteínas são, em grande parte, associadas ao consumo de alimentos de origem
animal, como carne, leite, queijo, ovos ou peixe.
No entanto, há várias alternativas aos adeptos da dieta
vegetariana ou vegana.
Lentilhas, soja, grão de bico, amêndoas, amendoins ou ervilhas
são apenas alguns dos alimentos fáceis de serem obtidos e cujos preços são
quase sempre acessíveis. Quinoa e soja são dois grãos, por exemplo, que
contêm todos os aminoácidos essenciais.
G1