Sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Pastor Antônio Pereira Júnior
“Ao verem a intrepidez de Pedro
e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e
reconheceram que haviam eles estado com Jesus”.
(Atos 4.13).
(Atos 4.13).
Muitos líderes, hoje em dia, têm colocado sobre si uma áurea de
espiritualidade tão grande quanto à soberba deles. Alguns se colocam em
pedestais quase intransponíveis. São pessoas que gostam dos primeiros lugares;
das ovações de crentes idólatras; de pavoneamento sem fim para deleite de um
grupo religioso que quanto maior, melhor. Acham-se até participantes de uma
classe “especial” de ungidos, diferente dos outros menos abastados colegas de
ministério.
As palavras do apóstolo Paulo em 2Coríntios 11.30-31 soam quase
como uma blasfêmia. Ele disse: “Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz
respeito à minha fraqueza. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é
eternamente bendito, sabe que não minto”. Quem já viu se gloriar em fraquezas?
No mundo gospel atual isso é inconcebível. Um pastor é um “homem de Deus”; um
ser superpoderoso; um “ungido” que vai solucionar todos os seus problemas;
alguém que só conta vitórias e feitos extraordinários – pelo menos é isso que
muitos pensam.
Contudo, creio que Deus escolhe os mais improváveis e indignos
para serem pastores. Os incapacitados de si mesmo para serem capacitados por
Ele. Ele escolhe não os “melhores”, mas geralmente os indignos.
Deus ama usar aqueles que são considerados despreparados e
desprezíveis. Ele não está atrás, necessariamente, de pessoas de boa aparência;
ou de boa oratória (eloquência não faz o pregador); ou aquele que tem muito
dinheiro; ou o que tem muitos talentos; pelo contrário, Paulo vai dizer o
seguinte: “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios
segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são
chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as
sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes;
e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são,
para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele”
(1Coríntios 1.26-29).
Para alguns, ser um simples pastor de almas já não dá muito
status. Alguns já nem querem mais esse título, preferem algo maior, grandioso,
que chame mais a atenção. Que traga holofotes sobre si. Que impressionem os
“crentes” deste século ávidos por novidades. Alguns se intitulam de apóstolo,
iluminado, ungido com uma unção especial, paipóstolo – porque apóstolo já está
ficando sem graça. O que virá depois? Seria: “pascanjo” (uma mistura de pastor
e arcanjo); “apostobin” (uma mistura de apóstolo e querubim)? Não foi isso que
aprendemos dos verdadeiros servos de Deus. Por exemplo:
– Moisés alegava não ser digno, pois nem sequer sabia falar.
– Isaías se achava muito impuro.
– Amós, apenas um boieiro.
– João, não se achava digno de amarrar as alparcas do Senhor.
– Lutero, se referia a si próprio como um “saco de vermes”.
– Isaías se achava muito impuro.
– Amós, apenas um boieiro.
– João, não se achava digno de amarrar as alparcas do Senhor.
– Lutero, se referia a si próprio como um “saco de vermes”.
Verifica-se sempre na vida dos verdadeiros homens de Deus a questão da
humildade, uma palavra pouco praticada na vida de muitos líderes. Sundar Singh,
o chamado “apóstolo dos pés sangrentos”, contou certa vez uma história:
– Um lixeiro converteu-se ao Cristianismo, tornou-se testemunha
de seu Salvador. Quem o ouvia, comentava: “Este homem possui algo que ainda não
temos”. Um transeunte, certa vez, perguntou: “Por que ouvem com tanto respeito
um lixeiro?” Ele mesmo respondeu: “Quando meu Salvador ia para Jerusalém montado
num jumento, o povo trouxe capas e as colocou sob seus pés. Não sob os pés de
Cristo, mas sob as patas do jumento. Por que fazer isso a um animal?
– É que nele vinha montado o Rei dos reis, Senhor dos senhores.
Desde o momento em que Cristo o deixou, ninguém nunca mais pensou naquele
jumento: Foi honrado somente enquanto Cristo o cavalgou”. Que assim seja em
nossas vidas! Em Atos 4.13 a palavra grega para “incultos” é “idiotes” que
significa, aqui, “sem instrução”; “simples cidadão”; “homem do povo”. Mário
Sérgio Cortella no livro: “Política para não ser idiota”, lembra que a palavra
grega “idiotes” quer dizer, a pessoa que só enxerga a si mesmo, aquele que só
vive a vida privada, que recusa se envolver com a vida política. Ela é a origem
da palavra “idiota”. Percebe? Não tem o sentido como nós a usamos hoje, de
forma pejorativa, como alguém sem razão ou inteligência, um estúpido.
Então, Pedro e João foram chamados de idiotas. Os idiotas de Cristo. Eram
homens do povo.
Nesse sentido eu também quero ser chamado de idiota, você não?
Aqueles que vivem no meio do povo simples. Não nos palácios dos reis e
imperadores deste mundo pecaminoso. Claro que Cristo usa homens sábios e
inteligentes como foi o apóstolo Paulo e muitos outros. Mas eles também se
consideravam indignos de tal honra. O que importava não era o título que
recebiam, aqueles homens haviam estado com Jesus e foi isso que fez a diferença
na vida deles. Cristo é aquele que trabalha com os “idiotes” para fazê-los
vasos de honra. Lembra-se do jumentinho? Interessante é que a única vez que
Jesus disse que precisava de alguém, esse alguém foi um jumento (Mc 11.2-3).
Você foi chamado de idiota por seguir a Cristo ou coisa
parecida? O que fazer? Passe tempo com Jesus, aos seus pés, recebendo as
instruções para a vida eterna e ele transformará tua alma e tua vida para
sempre. Queira apenas estar com Jesus, no fim das contas “pouco é necessário ou
mesmo uma só coisa” (Lc 10.42) Escolha, pois, a melhor parte.
Não importa quão pequenino você pareça ser, o importante é o Cristo gigantesco
que você leva dentro de si, na tua vida, na tua família e na tua igreja. Mesmo
que alguém diga que você é um idiota, não reclame, chamaram assim também com
Pedro. “Idiota de Cristo”, eis um título interessante que os pregadores de hoje
não querem ter.
Paulo estava certo quando disse: “Porque pela graça que me é dada, digo a cada
um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém…”. (Romanos 12:3).
Pr. Antônio Pereira Jr.
(1ª Igreja Congregacional em Guarabira – PB).
E-mail: oapologista@yahoo.com.br
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