Sexta-feira, 18 de novembro de 2016
Plutão pode ter um
vasto oceano sob sua superfície, afirmam estudos sobre a planície Sputnik,
região gelada localizada no planeta anão. Dois artigos publicados na
revista Nature, nesta semana, analisam a formação e evolução da planície, que
fica no lado oeste da Tombaugh Regio, área em forma de coração que passou a ser
estudada em detalhes com as imagens enviadas pela missão New Horizons.
A existência do
possível oceano pode ajudar os pesquisadores a
compreender os corpos celestes localizados nos confins do universo –
acredita-se que planetas anões como Plutão, que fica a 5,9 bilhões de quilômetros
do Sol, sejam relíquias de mais de 4 bilhões de anos que podem trazer dados
reveladores sobre as origens do sistema solar.
Oceano de Plutão
Desde que a missão New Horizons enviou dados inéditos sobre Plutão, os
cientistas buscam descobrir como foi formada a planície e por que essa região
está sempre na posição oposta à lua Caronte, a
maior do planeta anão.
Um dos estudos
publicados na Nature afirma que isso aconteceu devido ao oceano sob a
superfície da planície – ele teria uma massa tão grande que faria o planeta
anão “tombar” para um lado. De acordo com a pesquisa, liderada por
pesquisadores da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos Estados Unidos,
o impacto de um meteorito em Plutão fez com que uma quantidade imensa de gelo
fosse ejetada do planeta, deixando apenas uma fina lâmina de gelo. Se um
oceano, possivelmente líquido, existisse sob essa camada, ele empurraria o gelo
para cima, preenchendo a cratera deixada pelo impacto. Com o nitrogênio
congelado que se acumulou na região ao longo do tempo, a massa da região seria
maior do que antes do impacto, o que provocaria a “inclinação” de Plutão. Sem a
ajuda do oceano, a camada de nitrogênio congelado deveria ter uma espessura de
cerca de quarenta quilômetros para causar os mesmos efeitos, um cenário que os
pesquisadores afirmam que seria “implausível”.
O outro estudo, de
cientistas americanos e japoneses, sugere que Plutão passou a ser inclinado em
algum momento de seu
desenvolvimento – as evidências são as rachaduras na crosta do planeta anão. A
reorientação pode ter acontecido devido à presença de um oceano subterrâneo,
mas outras explicações, como o depósito do material ejetado pelo impacto do
meteorito dentro e ao redor da cratera com o posterior acúmulo de grandes
massas de nitrogênio congelado, também são mencionadas pelos pesquisadores.
Os dois estudos
reafirmam a necessidade do desenvolvimento e aprofundamento dos estudos sobre
Plutão, que pode trazer resultados surpreendentes e ajudar na compreensão de
corpos celestes distantes. Além disso, onde há água, ainda mais acumulada em um
oceano, é possível que haja vida, já que a substância é condição essencial para
seu surgimento. Os astrônomos consideram improvável que qualquer tipo de
microrganismo se desenvolva no planeta anão, mas afirmam que Plutão tem se
mostrado um mundo “surpreendentemente diverso e geologicamente dinâmico”.
(Com informações da
VEJA.com)
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