Quinta-feira, 08 de dezembro de 2016
Os dias na Terra estão ficando cada vez mais longos, mas você
provavelmente não vai perceber isso até o final da sua vida, visto que levaria
cerca de 3,3 milhões de anos para ganharmos apenas um minuto, de acordo com um
estudo publicado nesta quarta-feira (7).
Ao longo
dos últimos 2.700 anos, o dia médio aumentou a uma taxa de cerca de 1,8
milissegundo (ms) por século, concluiu uma equipe de pesquisa britânica, que
publicou seus resultados na revista científica "Proceedings of the Royal
Society A".
Esta taxa
é "significativamente menor", dizem os autores, do que a de 2,3 ms
por século estimada anteriormente - que requeria apenas 2,6 milhões de anos
para adicionar um minuto ao dia.
"É um
processo muito lento", disse à AFP o autor principal do estudo, Leslie
Morrison, astrônomo aposentado do Observatório Real de Greenwich, no Reino
Unido.
"Essas
estimativas são aproximadas, porque as forças geofísicas que operam na rotação
da Terra não serão necessariamente constantes durante um período tão longo de
tempo", especificou.
"A
interferência de Idades do Gelo, por exemplo, interromperá essas simples
extrapolações", acrescentou.
A
estimativa anterior de 2,3 ms foi baseada em cálculos da atração gravitacional
lunar, que causa as marés oceânicas na Terra.
Para o novo
estudo, Morrison e sua equipe usaram teorias gravitacionais sobre o movimento
da Terra ao redor do Sol e o da Lua ao redor da Terra, para calcular os tempos
dos eclipses da Lua e do Sol ao longo dos séculos, vistos de nosso planeta.
Registros antigos
Eles então
calcularam em que lugares da Terra os eclipses teriam sido visíveis, e
compararam isto com as observações de eclipses registradas por antigos
babilônios, chineses, gregos, árabes e europeus medievais.
"Obtivemos
registros históricos relevantes de historiadores e tradutores de textos
antigos", explicou Morrison.
"Por
exemplo, as tábuas babilônicas, em escrita cuneiforme, estão armazenadas no
Museu Britânico e foram decodificadas por especialistas", acrescentou.
A equipe
encontrou discrepâncias entre os lugares onde os eclipses deveriam ter sido
observáveis e os lugares da Terra onde eles foram realmente vistos.
"Esta
discrepância é uma medida de como a rotação da terra vem variando desde 720
A.C.", quando as civilizações antigas começaram a manter registros dos
eclipses, escreveram os autores.
Os fatores
que influenciam a rotação da Terra incluem o efeito da gravidade da Lua, as
alterações no formato do planeta devido ao derretimento das calotas polares
desde a última Idade do Gelo, as interações eletromagnéticas entre o manto e o
núcleo e as mudanças no nível médio do mar, segundo os pesquisadores.
A
desaceleração da órbita da Terra é a razão pela qual os cronometristas do mundo
têm de ajustar os relógios de alta precisão de anos em anos para garantir que
eles permaneçam em sincronia com a rotação do nosso planeta.
G1