Sábado, 24 de dezembro de 2016
"Como o inferno e a perdição nunca
se fartam, assim os olhos do homem nunca se satisfazem”. (Pv
27.20)
No fim de ano uma coisa se torna
sempre patente. Não, não é a figura do simpático Papai Noel. O que se vê em
todos os lugares é o apelo para o consumo desenfreado. Todo ano é assim.
Algumas empresas colocam de tal forma seu produto que você fica com a impressão
de que se não adquirir tal produto, você será eternamente infeliz. Daí você
troca seu suado dinheirinho pela promessa da satisfação pessoal plena – pelo menos até você descobrir que o que
adquiriu já se tornou ultrapassado.
Por que isso acontece? Na Bíblia encontramos a resposta. O
pregador já disse certamente que: “Todo o
trabalho do homem é para a sua boca, e, contudo, nunca se satisfaz o seu
apetite” (Eclesiastes
6.7). Noutra versão diz assim: “Todo o esforço do homem é feito para a sua
boca, contudo, o seu apetite jamais se satisfaz”. O ser humano é insaciável. Nada
pode satisfazer plenamente o coração do homem: riqueza, fama, poder, prazer ou
consumo não conseguem preencher seu apetite.
As propagandas difundidas pelos meios de comunicação aproveitam
as datas comemorativas na sociedade de consumo. Não que seja ruim comprar.
Claro que se estamos com dinheiro sobrando e realmente precisamos de algo, não
há pecado algum em poder adquirir. Não é o ter, em si, que é ruim. Como diria
Millôr Fernandes: “O importante é ter sem que o ter te tenha”. O apóstolo Paulo
já havia dito que não é o dinheiro que é a raiz de todos os males, mas, sim, o
amor ao dinheiro (1Timóteo
6.10).
O cristão deve entender que a satisfação, ou contentamento, é a
vontade de Deus para sua vida. O grande problema é que a mensagem que se escuta
até mesmo entre os evangélicos é que quem é abençoando é aquele que tem
dinheiro e poder. O que vai de encontro a toda mensagem do Evangelho de Cristo.
“Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; mantém-me do pão da minha porção
acostumada” (Pv
30.8,9).
Já escrevi no meu livro “Tudo
tem um tempo determinado” que: “Se vida com abundância fosse ter bens, então
nenhum discípulo a obteve, inclusive o Mestre. Vida com abundância é vida com
propósito. Vida com propósito é uma vida de satisfação por se ter um coração
grato com o que tem, sendo isso o que o deixa pleno, cheio, sem falta de nada.
Vida com propósito é uma vida guiada por Deus. Tendo ou não tendo, o coração
permanece na plenitude de alegria”.
É preciso saber a diferença de essencial e o supérfluo.
Essencial é o que não podemos viver sem: comida, bebida, descanso etc. O
supérfluo é tudo que posso viver sem. Posso viver sem aquele carro novo? Sem
aquela roupa de grife? Sem aquele apartamento? Se a resposta for sim, então não
é essencial. Conta-se, não sei se é lenda, que o filósofo Sócrates passeava no
mercado de Atenas olhando algumas coisas. Em certo momento alguém lhe
perguntava: – “O
senhor está precisando de alguma coisa”? Ao que ele respondia: – “Não, apenas olhando as coisas que eu não
preciso para ser feliz”.
Há muita gente
querendo ser feliz apenas com o ter e se esquece que o ter não satisfaz a alma.
Cuidado para que essa vontade compulsiva de comprar não seja uma doença no seu
coração. Muitos cristãos podem estar sim com esse distúrbio psicológico. E
quando isso acontece é bom procurar o quanto antes ajuda profissional. Qual
seria então a solução? Sem sombra de dúvidas, o contentamento.
O
contentamento foi ensinado por Paulo e penso que muitos cristãos precisam
reaprender esse princípio: “Não digo isto
por causa de necessidade, porque já aprendi a contentar-me com as
circunstâncias em que me encontre. Sei passar falta, e sei também ter
abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou experimentado, tanto em
ter fartura, como em passar fome; tanto em ter abundância, como em padecer
necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Filipenses
4.11-13).
Aprenda a se contentar. Seja solidário e não consumista. Ser
solidário não significa ser solitário, ou seja, voltado apenas para si. Quanto
mais solidário você for, mas sua alma ficará plena da Graça e do amor de
Cristo. Fuja sempre que possível das dívidas. Muitos problemas nos sobrevêm
porque não pensamos antes de comprar. Nos enchemos de coisas que, na maioria
das vezes, nem precisamos. Que não apenas no Natal, mas em todas as festas do
calendário, possamos distribuir aquilo que não precisa ser comprado: amizade,
amor, carinho, compreensão, perdão, etc. Lembre-se do que disse o Mestre dos
mestres: “Então lhes disse: ‘Cuidado! Fiquem de
sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na
quantidade dos seus bens’” (Lucas
12.15).
Pr. Antônio Pereira Jr.
(1ª Igreja
Congregacional em Guarabira – PB).
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