Quinta-feira, 23 de dezembro de 2016
O presidente Michel Temer afirmou nesta quinta-feira (22) que não pensa
em renunciar ao cargo e que vai recorrer com "recursos e mais
recursos" caso o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) julgue procedente a
ação que pede a cassasção da chapa Dilma-Temer.
"Não tenho
pensado nisso [em renunciar ao cargo de presidente da República]", disse
Temer durante café da manhã com jornalistas no Palácio da Alvorada.
"Havendo uma decisão [do TSE por cassar a chapa], haverá recursos e mais
recursos", completou Temer.
O presidente, porém,
ressaltou que será "obediente" à decisão final do Judiciário seja ela
qual for.
No primeiro semestre
do ano que vem o TSE deve julgar uma ação protocolada pelo PSDB, hoje na base
de Temer, pedindo a cassação da chapa PT-PMDB por suposto abuso de poder
político e econômico nas eleições presidenciais de 2014.
LAVA JATO
Citado por pelo menos três delatores da
Odebrecht por supostas práticas ilegais, Temer afirmou que não
"insurgiu" contra a Operação Lava Jato, mas que não se pode "soltar uma delação por
semana".
"Pedi que se
acelere o processo", ressaltou o peemedebista.
O presidente admitiu
que vazamentos do conteúdo das delações da empreiteira "cria um clima de
instabilidade no país" ao atingir o coração de seu governo, com citações a
seu nome e ao de dois de seus principais auxiliares, os ministros Eliseu
Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Parcerias e Investimentos).
Mesmo assim, Temer
garantiu que não vai afastar Padilha do cargo.
"Não tirarei o
chefe da Casa Civil. Ele continua firme e forte à frente da Casa Civil. Não
haverá mudança nenhuma", afirmou o presidente.
O presidente, porém,
deixou em aberto a possibilidade de fazer uma reforma ministerial no ano que
vem para agradar a aliados insatisfeitos com pouca participação no governo.
"Não sei o que
vai acontecer lá na frente mas não há intenção, nesse momento, de fazer
qualquer alteração ministerial", completou.
IMPOPULARIDADE
Temer disse ainda que
está aproveitando a impopularidade de seu governo para tomar medidas
consideradas impopulares, mas que, na sua avaliação são "necessárias ao país",
como as reformas Trabalhista e da Previdência.
"Um governo com
popularidade extraordinária não poderia tomar medidas impopulares",
afirmou o presidente. "Estou aproveitando a suposta impopularidade para
tomar medidas impopulares", completou.
Após o café da manhã,
porém, Temer disse que não abria mão da popularidade, mas que os índices não o
incomodavam para governar.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, a popularidade de Temer despencou desde
julho, acompanhada da queda de confiança na economia a níveis pré-impeachment
de Dilma Rousseff.
Segundo o levantamento, 51% dos brasileiros consideram a gestão do
peemedebista ruim ou péssima, ante 31%, em julho. Além disso, 63% dos
entrevistados querem a renúncia do presidente para a realização de eleições
diretas.
Folha de São Paulo