Segunda-feira, 09 de janeiro de 2017
Entre agosto de 2015 e
julho de 2016 (calendário oficial para medir o desmatamento), a Amazônia perdeu
7.989 quilômetros quadrados (km²) de floresta, a maior taxa desde 2008, segundo
levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) a partir de
dados oficiais divulgados pelo governo federal no fim do ano passado.
O desmatamento no período equivale à derrubada de 128 campos de futebol
por hora de floresta, segundo a entidade. O perfil fundiário dos responsáveis
pela devastação teve pouca variação em relação aos últimos anos: a maior
derrubada ocorreu nas propriedades privadas (35,4%), seguida de assentamentos
(28,6%), terras públicas não destinadas e áreas sem informação cadastral (24%),
e pelas unidades de conservação, que registraram 12% de todo o desmatamento
verificado nos 12 meses analisados.
De acordo com o Panorama do desmatamento da Amazônia 2016,Os estados que
registraram maior aumento da taxa de desmatamento foram Amazonas, Acre e Pará,
com incremento de 54%, 47% e 41%, respectivamente. Em números absolutos, o
estado que mais desmatou foi o Pará, 3.025 km² de floresta a menos; seguido de
Mato Grosso, que perdeu de 1.508 km² de vegetação nativa; e Rondônia, com 1.394
km² de derrubadas. Os três estados respondem por 75% do total desmatado em 2016.
Segundo o levantamento do Ipam, o ranking de dez municípios que lideram o
desmatamento na Amazônia permanece praticamente inalterado nos últimos anos.
Cinco municípios da lista são do Pará: Altamira, São Feliz do Xingu, Novo
Repartimento, Portel e Novo Progresso. O ranking também tem dois municípios
amazonenses: Lábrea e Apuí; dois de Rondônia: Porto Velho e Nova Mamoré; e um
de Mato Grosso: Colniza, que lidera o desmatamento no estado há, pelo menos,
quatro anos.
O estudo aponta a necessidade de envolvimento da sociedade no controle do
desmatamento “com uma nova estruturação de ações de comando e controle, criação
de uma agenda positiva de incentivos à eficiência da produção em áreas já
desmatadas e mais apoio para quem mantém seu ativo florestal, bem com
participação do mercado e do sistema bancário no controle do desmatamento”.
Histórico
Desde 2004, o desmatamento na Amazônia foi reduzido em mais de 70%, após o
segundo pico mais alto da história do monitoramento do bioma, com 27.772 km².
De 2009 a 2015, o ritmo da derrubada manteve-se estagnado em um patamar médio
de 6.080 km² por ano. Em 2012, foi registrada a taxa de desmatamento mais baixa
dos últimos 20 anos na Amazônia, com 4.571 km². No entanto, após essa data, o
cenário de desmatamento apresentou sucessivos aumentos e pequenos recuos.
Os dados analisados pelo Ipam são do Projeto de Monitoramento do
Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes).
Agência Brasil