Domingo, 22 de janeiro de 2017
Foto: Futura Press
A CHAPE VOLTOU
Só futebol? Tá bom! Quem ainda falar isso depois deste sábado, obviamente
não viu o que aconteceu na Arena Condá. A Chapecoense voltou! Passaram-se 54
dias desde a tragédia de 29 de novembro, a reconstrução foi árdua, mas a Chape
voltou. Em amistoso marcado pela emocionante homenagem aos campeões da Copa
Sul-Americana, com presença de Neto, Alan Ruschel e Follmann recebendo troféu e
medalhas, o time de Vágner Mancini empatou por 2 a 2 com o Palmeiras e
surpreendeu pelo bom futebol apresentado. O estreante Raphael Veiga abriu o
placar, Douglas Grolli e Amaral viraram para o time da casa e Vitinho deixou
tudo igual. Melhor assim, empatado. O resultado, na verdade, era o que menos
importava. É muito mais do que futebol. A Chape voltou!
Não precisou muito tempo para o torcedor presente na Arena Condá perceber
que o clima emotivo da tarde de sábado em nada interferiria no jogo em si. Com
Antônio Carlos, Felipe Melo e Raphael Veiga entre os titulares, o Palmeiras se
mandou para o ataque e deu trabalho nos minutos iniciais. Tanto que já aos 11 o
meia vindo do Coritiba abriu o placar em chute colocado. O gol, entretanto, fez
bem para Chape, que se mandou para o ataque.
Atuando praticamente no 4-2-3-1, o time de Vágner Mancini tinha Amaral e
Girotto bem postados na frente da defesa, Niltinho e Rossi abertos no ataque,
com Neném fazendo a aproximação a Wellington Paulista. Com a presença ofensiva
dos laterais João Pedro e Reinaldo, a Chape ia bem pelos lados e teve domínio
maior das ações. O empate surgiu em uma das jogadas mortais da "velha
Chape": a bola aérea. Cruzamento de Niltinho, escorada de Girotto, e gol
de Grolli. O filho da casa que voltou para o recomeço teve a honra do gol
histórico.
SEGUNDO TEMPO
Na volta para o segundo tempo, Eduardo Baptista começou a fazer testes,
com oito alterações, enquanto Mancini optou por dar entrosamento ao seu time
titular. Dodô e Elias foram as únicas caras novas, e a Chape seguiu melhor em
campo. Tanto que precisou de apenas um minuto para virar o placar, mais uma vez
na bola aérea. Reinaldo cruzou, e Amaral subiu para testar firme.
Com o passar do tempo, o ritmo de partida diminuiu. Normal para início de
temporada. Mancini trocou peças, mas manteve a estrutura tática da Chape, que
dava espaços na defesa, apesar de controlar as ações. Elias apareceu bem em
duas oportunidades, uma delas nos pés de Erik, e impressionou. O chute forte
cruzado do jovem Vitinho, entretanto, foi indefensável. Golaço! Nada que
abalasse a sensação de dever cumprido da tarde em Chapecó. No "Jogo da Amizade",
nada melhor que a igualdade no placar.
ETERNOS CAMPEÕES
O ponto alto da tarde em Chapecó, no entanto, aconteceu bem antes de a bola rolar. Representando todas as vítimas do trágico acidente de 29 de novembro, Neto, Alan Ruschel e Follmann - em sua primeira aparição pública fora do hospital - receberam a premiação pelo título da Copa Sul-Americana. Coube ao goleiro, entre muitas lágrimas, a honra de erguer o troféu. Nilvado, Moisés, Lourency e Martinuccio, que também participaram da campanha, estiveram presentes. Em seguida, familiares de atletas e membros da comissão técnica falecidos também receberam suas medalhas. Emoção forte na Arena Condá.
O ponto alto da tarde em Chapecó, no entanto, aconteceu bem antes de a bola rolar. Representando todas as vítimas do trágico acidente de 29 de novembro, Neto, Alan Ruschel e Follmann - em sua primeira aparição pública fora do hospital - receberam a premiação pelo título da Copa Sul-Americana. Coube ao goleiro, entre muitas lágrimas, a honra de erguer o troféu. Nilvado, Moisés, Lourency e Martinuccio, que também participaram da campanha, estiveram presentes. Em seguida, familiares de atletas e membros da comissão técnica falecidos também receberam suas medalhas. Emoção forte na Arena Condá.
MINUTO 71
A festa pelo título da Sul-Americana e a boa atuação da Chapecoense já
eram fatores suficientes para deixar o torcedor animado com o recomeço da
equipe, até que o relógio marcou 26 minutos do segundo tempo. O minuto 71! De
repente, o sistema de som do estádio começou a ecoar o histórico grito
"Vamo, vamo, Chape!", o jogo foi paralisado e o estádio uníssono fez
mais uma homenagem a cada uma das 71 vítimas fatais da tragédia de Medellín. De
arrepiar!
GAROTADA PROMISSORA
O Palmeiras deixa Chapecó com boa impressão das caras novas no elenco.
Contratado ao Coritiba, Raphael Veiga foi bem participativo no primeiro tempo,
mostrou entrosamento com Tchê Tchê e marcou um gol. Felipe Melo também fez o
que dele se espera: muita força na marcação e qualidade na saída de bola. Já no
segundo tempo, o garoto Vitinho foi o destaque. Abusado, não se privou de partir
para cima da defesa e marcou um golaço. Coletivamente, a equipe começou com
muita intensidade, mas depois viu a Chape jogar melhor.
COMEÇO DISCRETO
O volante Felipe Melo fez estreia discreta pelo Palmeiras. Teve atuação
regular. Mostrou-se como um volante posicionado à frente da linha defensiva,
com responsabilidade de abastecer os meias próximos a ele. Foi substituído no
intervalo, quando Eduardo Baptista modificou quase todo o time.
PRÓXIMOS PASSOS
Passada toda a emoção do recomeço, a Chapecoense agora se prepara para
voltar a disputar títulos. E o próximo compromisso já acontece quinta-feira. A
primeira partida oficial será contra o Joinville, às 21h30 (de Brasília), na
Arena Condá, pela Primeira Liga. A equipe está no Grupo C, que conta ainda com Atlético-MG
e Cruzeiro. Já o Palmeiras estreia no Paulistão somente no dia 5 de fevereiro,
em casa, contra o Botafogo. No dia 29, porém, a equipe de Eduardo Baptista
recebe a Ponte Preta para amistoso.
IDENTIDADE
Desde os primeiros dias após o acidente, a diretoria da Chapecoense
repetia quase que como um mantra: não vamos fugir do nosso perfil. Dito e
feito. Além de contratações sem muito impacto, a equipe apresentou
características táticas similares às do time campeão da Sul-Americana.
Consistência defensiva, força ofensiva pelas pontas e uma bola aérea muito
perigosa. Não à toa, foi assim que chegou aos dois gols. Ponto para Vágner
Mancini.
FALA, FELIPE MELO
- O campeão voltou. É o renascimento de um grande clube, um grande time. A
gente torce para que eles se saiam bem. Mas nosso primeiro grande amistoso vai
ser contra a Ponte Preta.
FALA, WELLINGTON PAULISTA
- No começo do jogo, estava um pouquinho tenso. Com o tempo, a gente vai
sabendo lidar. Hoje, foi um jogo diferente, um empate bom para todo mundo. O
mais importante foi dar alegria para o povo de Chapecó.
Globo Esporte