Segunda-feira, 11 de fevereiro de 2017
A administração do presidente
americano Donald Trump representa um risco para a economia internacional e para
as dívidas soberanas no mundo, segundo relatório divulgado pela agência de
classificação de risco Fitch, nesta sexta-feira (10).
O comunicado da agência avalia que “a previsibilidade das
políticas norte-americanas diminuiu com o abandono dos canais internacionais de
comunicação” por parte do governo Trump, o que eleva as perspectivas de
mudanças inesperadas nas políticas dos Estados Unidos, com potenciais
implicações globais.
“Os principais riscos para as dívidas soberanas são a
possibilidade de mudanças súbitas nas relações comerciais, a redução no fluxo
de capital internacional, as limitações à imigração que impactem as remessas e os
confrontos entre dirigentes políticos que contribuam para aumentar ou prolongar
a volatilidade da moeda e dos mercados financeiros”, diz o documento da Fitch.
Se esses riscos se materializarem, isso poderá provocar um
cenário desfavorável para o crescimento econômico e pressionar finanças
públicas, com implicações sobre o rating das dívidas públicas.
“Aumentos de custos ou reduções no acesso a financiamentos
externos também podem afetar os ratings, especialmente se vierem acompanhados
de uma depreciação da moeda.”
A Fitch ressalva que alguns elementos da agenda econômica de
Trump podem ser positivos, como as promessas de reaquecer a economia com mais
investimentos em infraestrutura, e de promover o maior corte de impostos desde
a administração Ronald Reagan, apesar do deficit orçamentário do governo dos
EUA.
Mas o atual balanço dos riscos aponta para um cenário pouco
favorável, segundo a agência. Ela lista como preocupantes alguns
posicionamentos da administração Trump, que abandonou o TTP (Tratado Transpacífico),
repreendeu companhias americanas que investem no exterior, com ameaças de
punições financeiras e também acusou diversos países de manipular suas taxas de
câmbio para prejudicar os Estados Unidos.
Os países mais vulneráveis às adversidades impostas por Trump
são aqueles que possuem laços econômicos e financeiros mais fortes com os EUA,
como Canadá, China, Alemanha, Japão e México. Mas essa lista pode aumentar por
um efeito cascata.
A Fitch já havia revisado a perspectiva da nota da dívida
soberana do México de estável para negativa em dezembro, atribuindo o ajuste ao
risco Trump, entre outros motivos.
Estão em risco de ser atingidos por medidas comerciais punitivas
os países que tenham recebido investimento direto americano, com financiamento
a indústrias exportadoras voltadas aos EUA. Brasil e Reino Unido são alguns
deles.
Publicado Por Carlos Rocha
Publicado Por Carlos Rocha
(Folhapress)
Créditos: Notícias ao Minuto