Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017
"Não, nós não encontramos
ETs, mas nossa descoberta pode ajudar na busca da vida fora do nosso Sistema
Solar." A descoberta anunciada pelo ESO (Observatório Europeu do
Sul) não é aquela que buscamos há tanto tempo, mas mantém nossa esperança.
Sete
exoplanetas foram descobertos orbitando uma estrela próxima, a cerca de 39
anos-luz de distância, de acordo com comunicado feito pela Nasa
(Agência Espacial Norte-Americana) nesta quarta-feira (22). E as condições de alguns deles
podem ser favoráveis para água em estado líquido.
A estrela anã que fica no centro desse sistema estelar, como se
fosse o nosso Sol, é chamada de TRAPPIST-1, e é um pouco maior que Júpiter (o
planeta é cerca de 12 vezes maior que a Terra).
Estimativas iniciais sugerem que os novos planetas têm massas
semelhantes à da Terra e composições rochosas. Para você ter uma ideia, os
maiores exoplanetas, o primeiro (por ordem de proximidade da estrela) e o
sexto, são 10% maiores que a Terra. Já os menores, o terceiro e o sétimo (o
mais distante da estrela), são 25% menores que nosso planeta.
Este é o sistema com o maior número de planetas tão grandes quanto
a Terra já descoberto, bem como aquele que tem o maior número de mundos que
podem ter água líquida. A descoberta foi feita em parceria entre astrônomos de
todo o mundo, usando telescópios da Nasa e do ESO.
A
descoberta nos dá uma pista de que encontrar outra Terra não é uma questão de
'se' [ela existe], mas de 'quando'."
Thomas
Zurbuchen, diretor da área de missões científicas da Nasa
Pode
ter água por lá?
As análises, publicadas na Nature,
indicam que em ao menos seis deles as temperaturas na superfície devem variar
entre 0ºC e 100ºC, mas não é possível confirmar que exista água em estado líquido. Ainda
é preciso buscar por mais dados.
"Com as
condições adequadas da atmosfera, pode ter água em qualquer um dos desses sete
planetas. Principalmente em três deles, que estão em localizações
privilegiadas", explicou Zurbuchen, durante anúncio.
Três exoplanetas no meio do sistema são os mais prováveis de ter água em estado líquido Nasa
As hipóteses mostram que talvez
nos três mais próximos da TRAPPIST-1 seja muito quente para água ficar líquida
e não evaporar. No mais distante, é possível que exista gelo. Mas três exoplanetas (o quarto,
quinto e o sexto) são os com maior probabilidade de ter vida fora da Terra, por
estarem em uma zona habitável com possíveis oceanos.
Cientistas vão continuar estudando o solo e também a atmosfera,
para ver se é possível encontrar água e sinais de vida.
Ilustração mostra como seria possível ver os outros exoplanetas do sistema no céu NASA/JPL-Caltech
Temos
mais detalhes?
Durante a pesquisa, os astrônomos também
descobriram características importantes e curiosas sobre os sete exoplanetas.
Por exemplo, os cientistas afirmam que se você puder ficar na
superfície de um dos mundos e de olhos no céu, você verá os outros seis
planetas maiores do que nós, terráqueos, vemos a Lua.
Os sete planetas são tão próximos que viagens interplanetárias
seriam feitas em dias, e não em meses ou anos como acontece no nosso sistema.
Outra característica é que a iluminação dos planetas deve ser
semelhante à que temos em Vênus, Terra ou Marte.
Além disso, é possível que
alguns, se não todos os planetas, estejam sempre com a mesma face virada
para a estrela, um fenômeno chamado de "tidal locking", Como acontece cim a Lua em relação à Terra.
O planeta mais próximo da TRAPPIST-1 demora apenas um dia e meio para orbitar a estrela. Lembre que a Terra demora 365 dias para dar toda a volta no Sol.
Ilustração da Nasa mostra a proporção entre os novos exoplanetas e alguns planetas do Sistema Solar
Como
foi a descoberta?
Em maio de 2016, Michael Gillon e sua equipe encontraram três
exoplanetas girando em torno de uma estrela anã, na constelação de Aquário.
Empolgados com a novidade, os cientistas realizaram uma campanha de
monitoramento da estrela a partir do solo e do espaço para saber mais sobre os
planetas.
Na Terra, a pesquisa
usou observações do instituto STAR, na Universidade de Lieja, na Bélgica, o
telescópio de Liverpool, operado pelo Instituto de Pesquisa de Astrofísica da
Universidade John Moores, na Inglaterra e do Very Large Telescope do ESO, no
Chile.
No espaço, o grande
aliado foi o telescópio espacial da Nasa chamado Spitzer, que observou a
TRAPPIS-1 por 21 dias em 2016 e conseguiu 500 horas de material.
Os astrônomos
analisaram as variações no brilho da estrela e anotavam de quanto em quanto
tempo havia uma sombra, momento em que um exoplaneta estava passando pela
estrela anã.
Com os dados
recolhidos, já foi possível saber o tempo de translação, a distância da
estrela, a massa e o diâmetro de alguns dos sete exoplanetas.
Os astrônomos afirmam
que informações adicionais são necessárias para caracterizar com mais detalhes
os novos planetas, particularmente o sétimo (o mais distante da estrela), que
só foi registrado pelo Spitzer uma vez, e ainda não foi possível descobrir seu
período orbital e sua interação com os outros exoplanetas.
UOL