Terça-feira, 14 de fevereiro de 2017
A
crise econômica poderá levar até 3,6 milhões de brasileiros para abaixo da
linha de pobreza até o fim do ano. A estimativa é do Banco Mundial, que
divulgou estudo referente ao impacto da recessão sobre o nível de renda do
brasileiro. A projeção considera que a economia encolherá 1% no segundo
semestre de 2016 e no primeiro semestre deste ano (ano-fiscal 2016/2017).
Num cenário mais otimista, que prevê crescimento de 0,5% da economia nesse
período, o total de pobres subiria em 2,5 milhões, segundo o Banco Mundial.
Pelos critérios do estudo, são consideradas abaixo da linha de pobreza
pessoas que vivem com menos de R$ 140 por mês. Segundo o Banco Mundial, a maior
parte dos "novos pobres" virá das áreas urbanas. O aumento da pobreza
na zona rural, segundo o estudo, será menor porque as taxas de vulnerabilidade
já são elevadas no campo.
O estudo também avaliou o impacto do aumento da pobreza no Programa Bolsa
Família. De acordo com o Banco Mundial, 810 mil famílias passariam a depender
do benefício no cenário mais otimista (crescimento econômico de 0,5%) e 1,16
milhão na previsão mais pessimista (queda de 1%).
Atualmente, o Bolsa Família tem 14 milhões de famílias cadastradas,
segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.
O Banco Mundial recomenda a expansão do Bolsa Família para fazer frente à
crise. "A profundidade e duração da atual crise econômica no Brasil cria
uma oportunidade para expandir o papel do Bolsa Família, que passará de um
programa redistributivo eficaz para um verdadeiro programa de rede de proteção
flexível o suficiente para expandir a cobertura aos domicílios de 'novos
pobres' gerados pela crise", destacou o estudo.
Segundo o Banco Mundial, o Brasil conseguiu construir uma das maiores
redes de proteção social do mundo. A instituição recomenda que o orçamento do
Bolsa Família cresça acima da inflação para ampliar a cobertura e atender a um
número crescente de pobres. No cenário mais otimista, o programa deveria subir
4,73% acima da inflação acumulada entre 2015 e 2017. Na previsão mais
pessimista, a alta deveria ser 6,9% superior à inflação.
Em termos nominais, o orçamento do Bolsa Família subiria de R$ 26,4
bilhões no fim de 2015 para R$ 30,41 bilhões este ano na simulação que
considera crescimento econômico e para R$ 31,04 bilhões no caso de um novo
encolhimento da economia. O estudo não considerou o efeito da introdução do
teto para os gastos públicos, que entrou em vigor este ano, mas avalia que o
ajuste fiscal não seria comprometido com a ampliação do Bolsa Família.
"O ajuste fiscal que vem sendo implementado no Brasil pode ser
alcançado praticamente sem onerar ou onerando muito pouco a população
pobre", destacou o Banco Mundial. "A despeito das limitações no
espaço fiscal a médio prazo, existe uma grande margem para ampliar o orçamento
para os elementos mais progressivos da política social, remanejando verbas de
programas de benefícios e melhorando a eficiência do gasto público."
Terra.com