Domingo, 05 de janeiro de 2017
O
velório de Marisa Letícia Lula da Silva foi encerrado hoje (4) por volta das
15h35 após um longo discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula
falou por cerca de 40 minutos logo depois de uma cerimônia ecumênica presidida
pelo bispo emérito da diocese de Bauru, Dom Angélico Sândalo Bernardino.
“Eu vou continuar agradecendo à Marisa, até o dia que eu não
puder mais agradecer, o dia em que eu morrer. Espero encontrar com ela, com
esse mesmo vestido que eu escolhi para colocar nela, vermelho, para mostrar que
a gente não tinha medo de vermelho quando era vivo, e não tinha medo de
vermelho quando morre”, disse Lula.
O ex-presidente alternava a fala pausada com momentos em que era
tomado pela emoção, e era interrompido por palmas de populares, familiares,
amigos e militantes do PT que lotavam o terceiro andar do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP). Lula lembrou dos momentos
em que conheceu Marisa, no Sindicato, e da história deles juntos.
“Ela está com uma estrelinha do PT no seu vestido, e eu tenho
orgulho dessa mulher. Muitas vezes essa molecada [os sindicalistas] dormia no
chão da praça da matriz [de São Bernardo do Campo] e a Marisa e outras
companheiras vendendo bandeira, vendendo camiseta para a gente construir um partido
que a direta quer destruir”, disse.
No momento mais forte de seu discurso, o ex-presidente disse que
Marisa morreu triste, que fizeram uma “canalhice” contra ela e que quer provar
a inocência da esposa nas investigações da Operação Lava Jato, em que era ré
junto com Lula em duas ações penais. “Na verdade, Marisa morreu triste. Porque
a canalhice que fizeram com ela, e a imbecilidade e a maldade que fizeram com
ela, eu vou dedicar [Lula não encerrou a frase]. Eu tenho 71 anos, não sei
quando Deus me levará, acho que vou viver muito, porque eu quero provar que os
fascínoras que levantaram leviandade com a Marisa tenham, um dia, a humildade
de pedir desculpas a ela”, disse, emocionado.
Cremação
Após o velório, o corpo da ex-primeira-dama foi o cremado do cemitério
Jardim da Colina, em São Bernardo do Campo. A ex-primeira-dama morreu ontem
(3), aos 66 anos, após ficar dez dias internada no hospital Sírio-Libanês onde
Marisa estava internada desde o dia 24 de janeiro após sofrer um acidente
vascular cerebral hemorrágico.
Agência Brasil