Sábado, 03 de março de 2017
Esta matéria foi publicada no dia 02 de fevereiro de 2017 pelo Portal UOL e agora reproduzido pelo nosso Portal (Portal Continental) em 03 de março do mesmo ano
Ele tem
cabelos longos e ondulados, uma grossa barba "viking" e manchas
suaves em torno de seu rosto. Foi brutalmente assassinado com golpes na cabeça,
há 1.400 anos. Mas todo seu rosto pode ser visto agora, após um trabalho de
reconstrução facial utilizando imagens em 3D feito por pesquisadores da
Universidade de Dundee, na Escócia. Há quem já comece a chamá-lo de
"esqueleto-gato".
O rosto do homem, pertencente ao povo Picto, que habitou a
Escócia no fim da era dos metais, foi revelado em imagens realistas de
computador. Elas foram produzidas com um programa que usa fotografias
digitalizadas do esqueleto para gerar diversas camadas do rosto, como músculos
e pele. Após a reconstituição, os pesquisadores descreveram o homem como
"surpreendentemente bonito".
O esqueleto do homem Picto foi encontrado em uma caverna na Ilha
Negra, na Escócia. Eles ficaram surpresos devido à posição em que foi
encontrado: de pernas cruzadas, algo incomum, com pedras grandes prendendo suas
pernas e braços. Após análise de antropólogos, foram identificadas as lesões
que o homem sofreu antes de morrer. Ao menos cinco impactos resultaram em
fraturas na face e no crânio.
"Este é um esqueleto fascinante em um estado notável de
preservação, que tem sido habilmente recuperado. Ao estudar seus restos,
aprendemos um pouco sobre sua curta vida, mas muito mais sobre sua morte
violenta", diz o antropólogo forense Dame Sue Black.
Esqueleto do homem Pict foi encontrado em uma caverna na Ilha Negra, na Escócia, de pernas cruzadas
Morte bárbara
Segundo os pesquisadores, o primeiro impacto quebrou seus dentes
no lado direito da boca. O segundo quebrou sua mandíbula no lado esquerdo. O
terceiro resultou em fratura na parte de trás da cabeça. O quarto impacto
atravessou o crânio de lado a lado. O quinto, no topo do crânio, deixou o maior
buraco. Foram utilizadas armas como pedras em todos os ataques.
A datação feita com o método do Carbono 14 indica que ele morreu
entre 430 e 630 DC. O esqueleto foi descoberto quando uma equipe estava
escavando o local com objetivo de determinar quando a caverna fora ocupada.
Abaixo de camadas relacionadas com o uso da caverna desde a
virada do século 20, eles encontraram evidências de que o local tinha sido
utilizado para ferraria durante o período Picto. Contudo, o achado inesperado
do esqueleto deu à caverna um significado diferente.
"Embora não saibamos por que o homem foi morto, a disposição
de seus restos nos dá uma visão da cultura daqueles que o enterraram. Talvez
seu assassinato fosse o resultado do conflito interpessoal. Ou havia um
elemento sacrificial relacionado à sua morte?", questiona o líder das
escavações, Steven Birch.
Os pesquisadores esperam que a análise do esqueleto forneça mais
detalhes do lugar e da importância do homem.
Do UOL, em São Paulo