Domingo, 26 de março de 2017
O juiz de Execuções Penais de Natal, Henrique Baltazar Vilar dos Santos,
revelou ao portalnoar.com.br um problema desumano que pode estar acontecendo
nos presídios potiguares. Mulheres estariam pagando com sexo pelas dívidas de
seus parceiros na prisão.
“Existem essas
histórias de que mulheres dos presos estão se prestando a serviços sexuais para
quitar o que seus parceiros devem. É algo que não tenho como comprovar, mas
ouço relatos”, relatou o juiz.
Esta prática estaria
ocorrendo dentro das unidades prisionais. Conforme o depoimento de Henrique
Baltazar, o crime acontece durante as visitas íntimas nas prisões. As mulheres,
conscientes da ‘obrigação’ imposta para que as vidas (dela e de seu parceiro)
sejam preservadas, procuram os ‘credores’ em lugar de seus parceiros, que
deveriam recebê-las.
“Eu até já comentei
isso, anos atrás, e alguns presos ficaram chateados. Mas tem que ficar claro
que isso não acontece com todos, mas que em algum caso ou outro, isso pode
acontecer”, afirmou o magistrado.
Procurado, o
secretário estadual de Justiça, Wallber Virgolino, confirma que também ouviu
relatos sobre estes casos.
“Se ocorre,
dificilmente vai se confirmar. A mulher não denunciaria com medo de morrer. Eu
já ouvi conversas sobre isso. Mas aqui na Sejuc (Secretaria de Justiça) não se
tem registros de casos”, contou Virgolino.
De fato, de acordo
com as informações colhidas pela reportagem junto à Polícia Militar, não há
boletins de ocorrências de casos como esses. Isso comprova que, se existe o
crime não é denunciado.
Como combater
O juiz Henrique
Baltazar culpa o Estado. “Deveriam ter mecanismos para evitar isso. A visita
íntima é feita dentro dos pavilhões. As visitas deveriam ser organizadas. Só
deveriam ter acesso livre nestes momentos quem realmente tem visitas”.
Para Wallber
Virgolino, evitar este tipo de crime, “se ele realmente existir, é algo
difícil”.
“Num presídio federal
existem o que chamamos de motéis, que são salas específicas para isso (visitas
íntimas). Mas aqui no Estado não temos essa estrutura. É até algo longe de
nossa realidade. Câmera a gente não pode botar numa visita íntima,
evidentemente”, pontuou o secretário.
PoralnoAr