Segunda-feira, 17 de abril de 2017
Os oito ministros citados por
delatores da Operação Lava Jato serão investigados por terem recebido pelo
menos R$ 48,8 milhões de forma ilegal. Todos foram citados como envolvidos no
esquema de corrupção investigado pela força-tarefa da Lava Jato, nos depoimentos
de 17 delatores da empresa Odebrecht, que assinaram acordos de colaboração
premiada com a Justiça.
O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no
Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou a abertura de inquéritos contra os oito
ministros.
Moreira Franco e Eliseu Padilha
O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ministro da
Secretaria de Governo, Moreira Franco, serão investigados em um mesmo
inquérito, no qual o Ministério Público Federal apontou indícios de que ambos
pediram recursos ilegais para campanhas eleitorais do PMDB.
Eles foram citados nos depoimentos de seis delatores da
Odebrecht, incluindo o do ex-presidente-executivo do grupo, Marcelo Odebrecht.
Moreira Franco teria pedido R$ 4 milhões para a campanha de 2014, garantindo em
troca a inclusão de cláusulas favoráveis à empresa nos editais de concessão de
aeroportos. O dinheiro teria sido entregue a uma pessoa com o codinome “Primo”,
em endereços que correspondem ao escritório pessoal de Eliseu Padilha.
Padilha também será investigado em um segundo inquérito, ligado
a irregularidades em obras do Trensurb, em Porto Alegre. Segundo as delações,
ele solicitou o pagamento de 1% do valor do contrato, em decorrência de sua
possível interferência no processo licitatório, o que corresponde a R$ 3,2
milhões.
Em nota, Padilha disse que confia nas instituições brasileiras e
tem certeza de que "com a abertura das investigações lhe será garantida a
oportunidade para exercer amplamente seu direito de defesa”. Moreira Franco
disse que não comentará as informações divulgadas.
Gilberto Kassab
A maior quantia apontada nas delações teria sido recebida pelo
ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab. Ele
foi apontado por quatro delatores por ter recebido cerca de R$ 20 milhões em
vantagens indevidas entre 2008 e 2014, enquanto foi prefeito de São Paulo e,
depois, quando ocupou os cargos de ministro das Cidades e da Ciência e
Tecnologia do governo Dilma Rousseff.
Kassab está sendo investigado por corrupção ativa e passiva e
lavagem de dinheiro. Em nota, o ministro disse não ter tido acesso oficialmente
às informações contra ele, mas que é necessário ter cautela com depoimentos de
colaboradores. Ele afirmou que “os atos praticados em suas campanhas foram
realizados conforme a legislação”.
Blairo Maggi
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
Blairo Maggi, é apontado pelos delatores por ter recebido R$ 12 milhões da
Odebrecht quando ele ainda era governador de Mato Grosso. O valor seria para a
campanha de reeleição do político em 2006.
Em nota, Blairo Maggi informou que não recebeu doações da
Odebrecht em suas campanhas eleitorais e não tem qualquer relação com a empresa
ou os seus dirigentes. Maggi também afirmou que tem a consciência tranquila de
que nada fez de errado.
Marcos Pereira
O ministro da Indústria e Comércio Exterior, Marcos Pereira, é
acusado pelos delatores de ter recebido R$ 7 milhões. O dinheiro seria para
manter o apoio do partido do ministro, o PRB, à coligação que elegeu Dilma
Rousssef e Michel Temer em 2014.
O ministro Marcos Pereira disse estar à disposição da Justiça
para prestar todos os esclarecimentos necessários e que sempre agiu dentro da
lei enquanto presidente de partido, buscando doações empresariais respeitando
as regras eleitorais.
Helder Barbalho
Os delatores da Odebrecht também acusam Helder Barbalho,
ministro da Integração Nacional, de receber R$ 1,5 milhão em vantagens
indevidas não contabilizadas para sua campanha ao governo do Pará, em 2014.
Agência Brasil