Segunda-feira, 29 de maio de 2017
No
dia 18 de maio de 2013, o senador Aécio Neves deu o primeiro passo em sua
caminhada rumo à candidatura presidencial do ano seguinte ao ser eleito
presidente do PSDB com 97,3% dos votos dos delegados na convenção da sigla, que
aconteceu em Brasília. Foi um evento consagrador. Entre governadores,
parlamentares, prefeitos e militantes, cerca de 4 mil tucanos compareceram ao
ato partidário.
Nos quatro anos
seguintes, o tucano comandou o partido de forma centralizadora com o respaldo
dos principais caciques da legenda do País. Mesmo após as primeiras citações ao
nome de Aécio nas delações da Lava Jato, sua liderança parecia inabalável. A
delação da JBS, porém, implodiu a estrutura de poder criada pelo senador
mineiro e provocou uma “revolução” nas bases dos partidos.
Antes leais a
Aécio, esses quadros em ascensão na cena política nacional querem aproveitar
para acabar com a era do “caciquismo” tucano. Os chamados “cabeças pretas”
pregam agora teses que vão da refundação do partido às eleições diretas para
eleger o novo líder da legenda.
Esse grupo, que é
formado pela “ala jovem” do PSDB na Câmara e prefeitos eleitos no ano passado,
também defende o desembarque imediato do governo Michel Temer e a renúncia
definitiva de Aécio do comando – o senador foi afastado após as denúncias da
JBS. Durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, foram eles que
assumiram a linha de frente do partido pressionando os caciques para dar apoio
à saída da petista.
“Se o PSDB não
mudar, será confundido com os demais partidos e vai se afundar”, disse o
prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, que disse ver espaço para
disputa interna.
Aos 45 anos, o
gaúcho é um dos principais representantes dos “cabeças pretas”. Ele avaliou que
o eleitorado está em busca de um novo perfil de político. “Quem não mudar ou
ficar em cima do muro vai cair dele. As pessoas querem ter em quem confiar.
Querem menos ideologia e mais resultado”, afirmou.
Base. É a mesma
posição do prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, de 38 anos, reeleito em
primeiro turno no ano passado com 77% dos votos. Ele defende a participação da
base em qualquer tipo de escolha. “Político com medo de disputar eleição não
serve para estar na vida pública. Defendo eleição interna direta. A base deve
ser ouvida e os filiados participarem”, disse.
Ainda mais novo,
com 37 anos, deputado licenciado Bruno Covas, vice-prefeito de São Paulo, disse
que a renovação necessária ao PSDB já está em andamento e sob o comando da ala
jovem do partido. “Acredito que, em função do atual momento, essa troca de
bastão pode ser acelerada. É o que o eleitor quer, políticos mais conectados
com a realidade e abertos ao contato constante pelas mídias sociais”, afirmou.
Segundo ele, a
prorrogação do mandato de Aécio (sem uma convenção nacional), no ano passado,
foi equivocada. “Podemos rever essa decisão, ao meu ver, e, passado esse
turbilhão, temos de antecipar essa renovação da direção partidária no segundo
semestre.”
Para o deputado
federal licenciado, Floriano Pesaro, de 49 anos, a nova geração tucana está
pronta para assumir o comando. “É hora de trocar, os mais jovens têm de assumir
o protagonismo”, disse o atual secretário estadual de Desenvolvimento Social.
Aos 42 anos, o
prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, afirmou que “é o momento de
o PSDB renovar a Executiva e aproveitar para oxigenar o partido.” Sua avaliação
é de que Aécio não tem mais condições de continuar na presidência do partido,
ainda que afastado, devendo renunciar. Mesmo que isso ocorra, porém, a chance
de “diretas-já” dentro da legenda ainda está longe de ser viabilizada.
Mas, de acordo com
o deputado federal Otávio Leite, presidente do PSDB-RJ, não apenas o comando
deve mudar, mas o estatuto, considerado por ele do “século passado”.
Redação do PBAgora