Quinta-feira, 22 de junho de 2017
O dono do grupo JBS, Joesley Batista, deixou
no fim da tarde desta quarta-feira (21) a sede da Polícia Federal em Brasília
após um depoimento que durou quase oito horas. Ele depôs aos delegados da
Operação Bullish, que investiga irregularidades em aportes ao grupo concedidos
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Investigadores da Operação Greenfiel também participaram do depoimento, caso o
empresário comentasse também as fraudes envolvendo fundos de pensão.
O depoimento
começou às 9h30 e terminou pouco depois das 17h. De acordo com as investigações
da Operação Bullish, o BNDES teria favorecido o grupo JBS, que atua no ramo de
processamento de proteínas, em um esquema que envolveu – considerando todas as
operações realizadas – cerca de R$ 8,1 bilhões. Os aportes ocorreram entre 2007
e 2011. Joesley não prestou depoimento quando a operação foi deflagrada, em 12
de maio, porque estava fora do país.
Hoje, a
Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) o
bloqueio imediato dos bens da JBS e de seus responsáveis. Segundo a petição, o
objetivo é garantir um possível ressarcimento aos cofres público de práticas
ilícitas efetuadas pela empresa da ordem de R$ 850 milhões. A razão do pedido
foi a manifestação nesta terça-feira (20) do secretário de Controle Externo do
TCU no estado Rio do Janeiro, Carlos Borges Teixeira, durante uma audiência
pública na Câmara dos Deputados, em que ele falou sobre indícios de prejuízo em
operações do BNDES com a empresa. "Há notícias que dão conta de que a
referida empresa estaria em avançado processo de desfazimento de bens no
país", escreveu a AGU.
A assessoria de
imprensa da JBS disse que não irá se manifestar sobre o pedido da AGU, mas
voltou a defender a delação premiada de Joesley e de outros seis executivos do
grupo, cuja validade está sendo discutida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"A despeito do grande número de informações e provas já entregues, os
colaboradores continuam disponíveis para cooperar com a Justiça e, conforme
acordo firmado com a Justiça, estão sendo identificadas informações e
documentos adicionais como complementos às investigações e que serão entregues
no prazo de até 120 dias", afirmou a JBS, por meio de nota.
Seguranças
Durante a oitiva de
Joesley Batista, funcionários da PF notaram a presença de duas pessoas no
prédio que foram identificadas como seguranças particulares do empresário. Como
estavam armados e, por procedimentos de segurança, eles também foram ouvidos
pelos policiais federais e revelaram que são policiais civis do estado de São
Paulo. Por esse motivo, foi instaurada uma medida administrativa sobre a qual
também foi ouvido o empresário e que pode resultar em multa a ele, como
contratante dos serviços particulares dos policiais.
Agência Brasil