Quinta-feira, 14 de junho de 2017
Atual presidente do
Conselho de Administração da empreiteira, Emílio Odebrecht foi ouvido novamente
nesta segunda-feira 12 pela Justiça Federal no Paraná a pedido da defesa do
ex-presidente Lula; testemunha de acusação em um dos processos a que o petista
responde na Lava Jato, o empresário disse que não se envolveu nos oito contratos
firmados entre a empreiteira e a Petrobras, que são citados na ação penal, e
disse não saber se tais contratos estavam condicionados à aquisição de um
imóvel para o Instituto Lula; sobre uma conversa que teve com o ex-presidente
FHC para discutir o projeto Gás Brasil, ele confirmou ser comum debater
assuntos relacionados a óleo e gás com presidentes da República.
O
ex-presidente executivo e atual presidente do Conselho de Administração da
empreiteira Odebrecht, Emílio Odebrecht, foi ouvido novamente hoje (12) pela
Justiça Federal no Paraná a pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. O empresário é testemunha de acusação em um dos processos a que Lula
responde no âmbito da Operação Lava Jato.
A sessão ocorreu por meio de
videoconferência e durou pouco mais de seis minutos. Apenas Cristiano Zanin
Martins, advogado do ex-presidente, fez perguntas a Emílio Odebrecht.
O empresário disse que não se
envolveu nos oito contratos firmados entre a empreiteira e a Petrobras, que são
citados na ação penal. Ele também disse não saber se tais contratos estavam
condicionados à aquisição de um imóvel para o Instituto Lula.
Cristiano Martins, então,
lembrou que Emílio Odebrecht afirmara, em depoimento anterior, ter se
encontrado com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir o
projeto Gás Brasil, que também incluía a Bolívia. O advogado perguntou ao
empresário se era comum que ele debatesse assuntos relacionados a óleo e gás
com presidentes da República. "Sem dúvida nenhuma", respondeu.
Emílio Odebrecht também disse
que conhece Gilberto Carvalho, que foi titular da Secretaria-Geral da
Presidência da República no governo Lula, e negou ter conhecimento se o Grupo
Odebrecht contratou o escritório Baker Mckenzie para buscar um acordo de
leniência com autoridades estrangeiras.
O empresário voltou a ser
ouvido nessa ação penal em razão de um recurso impetrado pelos advogados de Lula.
Eles alegaram que o Ministério Público Federal (MPF) incluiu documentos ao
processo sem tempo hábil para serem verificados antes da oitiva do empresário.
O argumento foi acolhido pelo
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4).
Dono da Odebrecht, Emílio diz
que não teve negócios com Lula
Nas centenas de textos
que a imprensa publicou sobre os documentos da Odebrecht, Lula é referido do o
“o amigo do seu pai”, numa referência ao relacionamento entre Emílio, dono da
empreiteira que leva seu nome pai de seu presidente, Marcelo, com Lula.
Aliás, Marcelo
Odebrecht diz que tinha um mau relacionamento com o ex-presidente: “O Lula
nunca gostou de mim. Quem sempre tratou de tudo com ele foram o meu pai e o
Alexandrino (Alencar, diretor de relações institucionais)”disse ele num
depoimento à Procuradoria Geral da República.
Portanto, nada mais
natural, se houvesse pedidos de Lula, estes fossem feitos a Emilio Odebrecht ou
dele fosse de conhecimento.
Hoje, na sua reinquirição de Sérgio Moro ao patriarca da
empreiteira, Emílio, na desccrição insuspeita de O Globo,
“negou envolvimento em contratos firmados entre a Petrobras e Odebrecht que
teriam sido celebrados em troca de uma futura compra de um terreno para o
Instituto Lula”.
O advogado de Lula,
Cristiano Zanin Martins, também perguntou se Emílio manteve reuniões com outros
ex-presidentes da República que antecederam Lula no cargo. O empresário
confirmou:
— Desde a minha entrada na
organização, praticamente todos ex-presidentes. Discutia várias coisas de
interesse nacional, aquilo que era importante para o Brasil continuar crescendo
– disse Emílio(…)
A outra pessoa que
Marcelo Odebrecht disse ter relacionamento com Lula, Alexandrino Alencar, no
seu depoimento, dias atrás, também negou ter tratado com o ex-presidente do tal
terreno para o Instituto mas, ao contrário, havia recebido a incumbência do
próprio Marcelo, que também o informou que o valor seria apropriado de uma
suposta conta “Italiano”.
É de supor que, se Lula
fosse pedir um terreno, o pediria àqueles com quem tinha relacionamento mais
próximo. E ambos dizem que não pediu nada a eles e, muito menos, que fosse
posto na conta de isso ou aquilo.
Como diz o ex-delegado
federal Armando Coelho Neto, Lula está sendo processado pelo crime do “IA”: Ia
receber, ia ganhar, ia se apropriar. Se é que ia, não foi.
Não foi, mas vai ser
condenado por Sérgio Moro, Se não pelo triplex, pelo sítio; se não pelo sítio,
pelo prédio; se não pelo prédio, pelos caixotes.
Mas certamente por ser
o favorito nas eleições de 2018, como convém a processos que só tem de sólido o
interesse político.
Daniel Isaia -
Repórter da Agência Brasil