Terça-feira, 15 de agosto de 2017
Líder norte-coreano advertiu que, se os EUA 'persistirem em suas
ações insensatas na Península da Coreia', Pyongyang vai atuar
Créditos: AP Photo/Wong
Maye-E
O líder
norte-coreano, Kim Jong-Un, recuou e se distanciou nesta terça-feira (15) do
plano para lançar mísseis contra os arredores da ilha americana de Guam, onde
os EUA têm bases militares, mas advertiu que "é necessário que os Estados
Unidos adotem a opção correta", segundo a France Presse.
Alguns
analistas sugeriram que as declarações de Kim abrem o caminho para suspender a
escalada crescente crise provocada pelas declarações belicosas do presidente
americano Donald Trump e do líder norte-coreano.
Kim
"analisou o plano durante um longo tempo" e "o discutiu"
com as autoridades militares na segunda-feira durante uma inspeção ao Comando
de Forças Estratégicas, encarregado do programa de mísseis, indicou a agência
de notícias norte-coreana (KCNA, na sigla em inglês), de acordo com a France
Presse.
A
pequena ilha de Guam, no Pacífico, abriga duas grandes bases militares dos EUA,
com mais de 6 mil homens. Localizada a 3.500 km da Coreia do Norte, com
população total de 162 mil pessoas e está equipada com o escudo antimísseis
THAAD.
'Conduta
tola e estúpida'
O líder norte-coreano disse que antes de dar qualquer ordem "vai seguir
observando um pouco mais a conduta tola e estúpida dos ianques enquanto passam
por um momento difícil a cada minuto de sua miserável sina".
Mas
advertiu que se os Estados Unidos "persistirem em suas ações insensatas na
Península da Coreia", então Pyongyang vai atuar. "A fim de desarmar as tensões e evitar um conflito militar perigoso na
península coreana, é necessário que os EUA façam uma opção apropriada primeiro
e demonstrá-la com ações, pois cometeu provocações após introduzir um enorme
equipamento estratégico nuclear nas proximidades da península", disse Kim,
citado pela KCNA.
Para Adam Mount, analista do Center for American Progress em Washington,
"este é um convite direto para falar das reservas recíprocas em relação
aos exercícios militares e aos lançamentos de mísseis".
John
Delury, professor na Universidade Yonsei de Seul, afirmou que Kim está
"desescalando, colocando o plano de Guan no congelador", ao menos
neste momento.
Guerra retórica
A
escalada da tensão começou depois que a Coreia Norte testou dois mísseis
balísticos intercontinentais no mês passado, indicando que seria capaz de
atingir o território americano.
Após
o país asiático detalhar seu plano de atacar Guam, Donald Trump vem ameaçando a
Coreia do Norte. Na terça-feira (8), Trump usou a expressão "fogo e fúria", ao
comentar ameaças norte-coreanas, quando declarou: "É melhor que a Coreia
do Norte não faça mais ameaças aos Estados Unidos. Enfrentarão fogo e fúria
como o mundo nunca viu".
O
general norte-coreano Kim Rak Gyom afirmou que a declaração do presidente
americano era "um monte de bobagem". "Parece que ele não
entendeu o recado. Diálogo saudável não é possível com um sujeito tão
desprovido de razão e apenas força absoluta pode funcionar sobre ele",
disse o general.
Como o tom bélico não caiu após a forte declaração de Trump, o presidente
avaliou na quinta (10) que sua declaração não tinha sido “forte o suficiente”.
E a Coreia do Norte voltou a contra-atacar afirmando que os EUA irão
"sofrer uma derrota vergonhosa e uma condenação final" caso
"persistam em suas aventuras militares, sanções e pressões extremas".
Na
sexta (11), o presidente disse que a resposta militar americana para um
eventual ataque da Coreia do Norte já está pronta. “As soluções militares estão agora totalmente instaladas, guardadas e
carregadas, se a Coreia do Norte atuar imprudentemente. Espero que Kim Jong Un
encontre outro caminho!”, afirmou no Twitter.
Na
segunda (14), o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, disse que se a Coreia
do Norte disparar um míssil contra os EUA, a situação pode se transformar em
guerra. "Se eles dispararem contra os Estados Unidos, (a situação) pode
escalar para uma guerra muito rapidamente", disse Mattis. Ele afirmou que
os EUA reconheceriam a trajetória de um míssil norte-coreano rapidamente.
G1