Sábado, 09 de setembro de 2017
No
terceiro artigo da Série Em Defesa de Lula, divulgada pela página do PT neste
sábado, 9, a ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza
Campello defende na história de um “líder visionário” chamado Lula.
“Lula sempre esteve à frente de seu tempo. É um estadista. Um
líder visionário que usou sua trajetória de retirante nordestino e de operário
para compreender as dores e necessidades dos milhões de brasileiros excluídos,
que só precisavam de oportunidade. Uma pessoa como Lula, em qualquer outro país
teria sido reconhecido como foi Mandela, pelas transformações realizadas com
sua visão generosa de país, onde cabem todos, e onde a busca pela igualdade é
princípio superior. Mas não, ele está sendo condenado exatamente por isto”, diz
Campello.
A série será publicada até 13 de setembro. Já foram publicados
artigos do ex-chanceler Celso Amorim e do professor de Ciência
Política Juarez Guimarães.
Leia, abaixo, o artigo na íntegra:
À frente
de seu tempo
Por Tereza Campello
O crescente avanço no desmonte do Estado de Bem-Estar Social,
lamentavelmente, não é uma exclusividade brasileira. Em vários países estamos
assistindo ataques permanentes aos direitos sociais e restrição de acesso à
bens e serviços públicos, especialmente, para os mais vulneráveis, que apontam
para um aumento da desigualdade.
Frente a este horizonte, o arcabouço dos 17 Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) que definem metas globais até 2030, é uma
agenda da ONU para todos os países e tornou-se importante referencial para unificar
os que acreditam e lutam por um mundo mais justo e igualitário.
É importante registrar que a maioria destas metas foi lançada no
Brasil com mais de uma década de antecedência, quando o Presidente Lula iniciou
seu primeiro governo. E também foi quando, pela primeira vez na história
brasileira, se construiu uma política pública, o Programa Bolsa Família,
voltada ao combate à pobreza, exatamente como preconiza a ONU no Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável Nº 1. O ODS Nº 2 “Zero Hunger” tem seu nome copiado
do Fome Zero, tão criticado no Brasil e que hoje inspira e batiza programas de
combate à fome e à pobreza em mais de 40 países no mundo.
Em todos os 17 ODS vemos a iniciativa pioneira do Presidente
Lula, inclusive em áreas como energia limpa e mudanças climáticas, sendo o
Brasil, por decisão do Presidente Lula, o primeiro país a assumir metas
voluntárias de emissões de carbono.
Mais importante que ter se antecipado, liderando políticas de
combate à pobreza e à desigualdade – que são exemplos e marcas de exportação de
tecnologia social “made in Brasil”, como o Bolsa Família, o Cadastro Único, o
Programa de Cisternas, o Programa de Aquisição de Alimentos, por exemplo – foi
ter conseguido resultados que mostram que é possível: tirar o Brasil do Mapa da
Fome; universalizar o acesso à energia elétrica chegando a 14 milhões de
brasileiros pobres e excluídos do direito de ter lâmpada acessa à noite e
geladeira para conservar os alimentos; construir 1 milhão e 200 mil cisternas
dando acesso à água para 4,6 milhões de sertanejos que vivem no semiárido;
livrar 36 milhões de brasileiros da miséria. Sim, um outro mundo é possível.
Cheios de orgulho podíamos dizer, em qualquer fórum
internacional, que no Brasil já havia nascido a primeira geração livre da fome
e com acesso garantido à escola.
Não conseguimos apurar quantos jovens pobres, negros, excluídos,
são os primeiros de suas famílias a entrar para a universidade. Milhares deles
tem se somado à caravana que Lula fez pelo Nordeste para dar seu testemunho e
se colocar como prova viva da transformação que estava em curso no Brasil.
Lula soube ser visionário, acreditar no nosso povo e nos liderar
numa marcha civilizatória onde o Brasil teve a primeira chance de reparar sua
história de país escravocrata e dominado por uma elite atrasada. O que mais surpreende e inova no modelo liderado pelo estadista Lula é ter um
projeto de justiça social intrinsecamente colado ao modelo de desenvolvimento.
“A maior riqueza do Brasil é seu povo”, sempre afirmou o
Presidente Lula. E ter milhões de pessoas excluídas que passam a contar com uma
renda, que além do direito ao acesso à bens e serviços (sim, nosso povo tem
direito à geladeira, carne, iogurte, cortar o cabelo, comprar perfume e viajar
de avião), é uma oportunidade de ampliar o mercado de consumidores de alimentos
e bens produzidos internamente ao país.
Sim, outro Brasil é possível. A fome e a pobreza nunca foram
fenômenos naturais, derivados da seca ou de atributos da nossa gente. A fome e
a pobreza resultavam de decisão política e começaram a ser revertidos por
decisão política quando Lula assume: “colocar o pobre no orçamento” é a frase
síntese desta opção.
Lula sempre esteve à frente de seu tempo. É um estadista. Um
líder visionário que usou sua trajetória de retirante nordestino e de operário
para compreender as dores e necessidades dos milhões de brasileiros excluídos,
que só precisavam de oportunidade. Uma pessoa como Lula, em qualquer outro país
teria sido reconhecido como foi Mandela, pelas transformações realizadas com
sua visão generosa de país, onde cabem todos, e onde a busca pela igualdade é
princípio superior. Mas não, ele está sendo condenado exatamente por isto.
Brasília, 9 de setembro de 2017
Tereza Campello, economista e ex-ministra de Desenvolvimento
Social e Combate à Fome
Brasil247