Quarta-feira, 27 de setembro de 2017
AP/Eraldo Peres/Arquivo
O ex-ministro Antonio Palocci entregou nesta
terça-feira, 26, uma carta de desfiliação do Partido dos Trabalhadores em um
documento de quatro páginas endereçada à presidente do partido, Gleisi
Hoffmann.
Na última semana, o PT decidiu afastar por 60 dias
o político, até que o diretório de Ribeirão Preto, cidade de origem de filiação
de Palocci seguisse com o processo de desfiliação. “Ele mentiu contra o
partido, contra a liderança de Lula, comprometendo Lula”, afirmou Hoffman,
durante a votação de afastamento, realizada na última sexta-feira.
No documento, Antonio Palocci se dispõe a
prestar esclarecimentos ao partido, mas ressalta que só o fará quando a
investigação do Ministério Público for encerrada. “De qualquer forma, quero
adiantar que, sobre as informações prestadas em 06/09/2017, são fatos
absolutamente verdadeiros. São situações que presenciei, acompanhei ou
coordenei, normalmente junto ou a pedido do ex-presidente Lula. Tenho certeza
que, cedo ou tarde, o próprio Lula irá confirmar tudo isso”, declara.
Nas quatro páginas enviadas ao partido, o
ex-ministro se diz “Bastante tranquilo” e ressalta que “Falar a verdade é
sempre o melhor caminho”.
“Vocês sabem que procurei ajudar no projeto do PT e
do presidente Lula em todos os momentos. Convivi com as dificuldades e os
avanços. Sabia o quanto seria difícil passar por tantos desafios políticos sem
qualquer desvio ético. Sei dos erros e ilegalidades que cometi e assumo minhas
responsabilidades. Mas não posso deixar de destacar o choque de ter visto Lula
sucumbir ao pior da política no melhor dos momentos de seu governo. […]
dissociou-se definitivamente do menino retirante para navegar no terreno
pantanoso do sucesso sem crítica, do ‘tudo pode’, do poder sem limites, onde a
corrupção, os desvios, as disfunções que se acumulam são apenas detalhes, notas
de rodapé no cenário entorpecido dos petrodólares que pagarão a tudo e a
todos”.
O ex-ministro ainda fez duras críticas a Lula,
questionando ao partido sobre a “divindade” do ex-presidente. “Até quando vamos
fingir acreditar na autoproclamação do “homem mais honesto do país” enquanto os
presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!!) são
atribuídos a Dona Marisa? Afinal, somos um partido sob a liderança de pessoas
de carne e osso ou somos uma seita guiada por uma pretensa divindade?”,
declarou.
Confira a carta na íntegra:
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