Quarta-feira, 13 de setembro de 2017
Desde que foi denunciado, Lula tem negado o recebimento de propinas e o favorecimento da Odebrecht. A defesa diz que o MPF não tem provas que sustentem a denúncia
Esta
é a segunda vez que Lula presta depoimento na condição de réu em um processo da
Lava Jato conduzido por Moro (Foto: Reprodução/AFP)
O ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva será interrogado pelo juiz Sérgio Moro, responsável
por ações da Lava Jato na primeira instância da Justiça, nesta quarta-feira
(13). A audiência deve começar às 14h na sede da Justiça Federal em Curitiba.
Além dele, Moro também deve ouvir o réu Branislav Kontic, ex-assessor do
ex-ministro Antônio Palocci.
Esta
é a segunda vez que Lula presta depoimento na condição de réu em um processo da
Lava Jato conduzido por Moro. No primeiro caso, ele foi acusado de receber R$
3,7 milhões em propina, de forma dissimulada, da empreiteira OAS. Em troca, ela
seria beneficiada em contratos com a Petrobras. Naquela ocasião, ex-presidente
acabou condenado naquela ação penal a nove anos e meio de prisão.
Dessa
vez, a acusação é sobre um suposto pagamento de propina por parte da
construtora Odebrecht. Segundo a denúncia, a empresa comprou um terreno para a
construção de uma nova sede para o Instituto Lula. A empreiteira também teria
comprado um apartamento vizinho ao que o ex-presidente mora, em São Bernardo do
Campo. O imóvel é alugado desde 2002 e abriga, principalmente, os seguranças
que fazem a escolta de Lula.
Entenda a denúncia
Segundo
o MPF, os dois imóveis fazem parte de um total de R$ 75 milhões em propinas que
foram pagas pela Odebrecht a funcionários da Petrobras e políticos, após a
empreiteira firmar oito contratos com a estatal. De acordo com a denúncia, a
parte de Lula foi repassada com a intermediação do ex-ministro Antônio Palocci
e do assessor dele, Branislav Kontic.
O
imóvel que seria para o Instituto Lula fica em São Paulo, na Rua Haberbeck
Brandão. O MPF afirma que o terreno foi comprado pela Odebrecht, usando o nome
de outra empreiteira, a DAG. Apesar das negociações terem sido feitas e a DAG
ter adquirido o imóvel, nada foi construído no local.
Já
a compra do apartamento, de acordo com a denúncia, foi realizada com o auxílio
de um parente do pecuarista José Carlos Bumlai. Conforme o MPF, Glaucos da
Costamarques serviu de "laranja" para adquirir o imóvel para Lula, já
que o apartamento era alugado desde que ele chegou à Presidência.
Ao
todo, oito pessoas foram denunciadas: Lula, Palocci, Kontic, Paulo Melo,
Demerval Galvão, Glaucos da Costamarques, Roberto Teixeira e Marcelo Odebrecht.
A ex-primeira-dama Marisa Letícia também constava na denúncia, mas teve o nome
retirado após a morte dela.
Desde
que foi denunciado, Lula tem negado o recebimento de propinas e o favorecimento
da Odebrecht. A defesa diz que o MPF não tem provas que sustentem a denúncia.
Por G1 Paraná