Terça-feira, 26 de setembro de 2017
Pesquisa de
credibilidade do instituto foi feita entre os dias 1º e 14 deste mês e captou
parte do impacto das revelações de Palocci contra o ex-presidente
O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) e o juiz federal Sergio Moro (Divulgação/Divulgação)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve
seu índice de desaprovação reduzido e sua taxa de aprovação ampliada em
setembro na comparação com o mês anterior, segundo o mais recente Barômetro
Político, pesquisa mensal de credibilidade realizada pelo instituto
Ipsos. O percentual da população que não concorda com a atuação de Lula caiu de
66% para 59%, enquanto a parcela da sociedade que aprova subiu de 32% para 40%,
a maior em dois anos de levantamento – 1% não soube opinar.
Ao
mesmo tempo, o juiz federal Sergio Moro, que
condenou Lula a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro e é um dos símbolos da Operação Lava Jato,
alcançou uma taxa de desaprovação de 45%, recorde desde setembro de 2015. As
impressões da população foram colhidas entre os dias 1º e 14 deste mês, ou
seja, já captam parte do efeito do depoimento do ex-ministro Antonio Palocci,
que fez duras acusações a Lula.
No dia 6, Palocci afirmou a Moro que o
ex-presidente tinha um “pacto de sangue” com a Odebrecht por propinas e que a
empresa colocou 300 milhões de reais à disposição do PT no fim do mandato de
Lula. Entre agosto e setembro, Lula foi o presidenciável com a maior taxa de
aprovação, perdendo apenas para Moro e o apresentador de TV Luciano Huck – os
dois negam interesse em disputar o cargo.
Deputado Jair Bolsonaro
(PSC-RJ) viu aprovação diminuir e rejeição aumentar no último mês (FLAVIO
TAVARES/JORNAL HOJE EM DIA/Estadão Conteúdo)
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ),
pré-candidato à sucessão do presidente Michel Temer (PMDB),
acumulou dois reveses no Barômetro Políticodeste
mês: o percentual que o rejeita subiu de 56% para 63% (a pior taxa em dois
anos) e a parcela que aprova sua atuação caiu de 21% para 19%, dentro da margem
de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
O
cientista político Carlos Melo, professor do Insper, afirmou, no entanto, que a
aprovação e a rejeição a Lula tem um limite porque os grupos que aprovam e
desaprovam o ex-presidente têm similaridades entre si. “Eles não mudam suas
opiniões, a posição desses grupos não está conectada com os fatos. Não há como
reverter isso. Lula tem um piso do qual ele não passa. Assim como podemos dizer
que ele tem um teto que não passará também. Nesse sentido, Lula é um candidato
forte de primeiro turno, tem capacidade para fazer uma grande bancada na
Câmara. Agora, ele deve enfrentar sérias dificuldades para vencer uma eleição
de segundo turno”, analisa Melo.
Segundo
o também cientista político Cláudio Couto, da FGV-SP, o embate entre Lula e
Moro parece estar criando uma vitimização do ex-presidente. “Além disso, a
aprovação de Lula surfa na desaprovação do governo Temer”, afirmou Couto.
Tucanos
Entre
os tucanos, o prefeito da capital paulista, João Doria, ainda é o que tem os melhores índices,
apesar de sua credibilidade com a população estar caindo. “É a prova de como a
imagem se desgasta rapidamente diante de altas demandas por serviços públicos
de qualidade aliada a uma expectativa não correspondida da população”, afirma
Cersosimo.
No
último mês, quando intensificou sua agenda de viagens pelo Brasil com foco na
corrida presidencial, Doria viu sua taxa de reprovação passar de 52% para 58%
(um ponto abaixo da de Lula) e sua aprovação cair de 19% para 16% – menos da
metade de Lula e só três pontos acima do índice positivo do governador Geraldo Alckmin,
com quem disputa a indicação do PSDB para a eleição de 2018. Os números do governador paulista
oscilaram para baixo no mês passado, dentro da margem de erro. Seu índice de
desaprovação passou de 73% para 75% e o de aprovação, de 14% para 13%.
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