Domingo, 17 de setembro de 2017
De janeiro a
setembro, número é 18% maior que em 2016 quando foram registrados 117.
Número de transplantes
cresceu na Paraíba em 2017, segundo dados da Central de Transplantes da Paraíba
(Foto: Júnior Aguiar/Arquivo Pessoal)
Hoje eu vivo radiante, muito feliz, saio
de casa, faço coisas que não fazia", diz a dona de casa Andrea Solto, que
recebeu um transplante de rim em 2015, após mais de dois anos na fila de
espera. Conforme os dados do Centro de Transplantes da Paraíba, no período de
1º de janeiro a 15 de setembro deste ano, cerca de 139 pessoas foram
transplantadas, um aumento de 18% no número de cirurgias, comparado ao mesmo período
do ano passado, que registrou 117 casos.
Para a dona de casa Andrea Solto a
espera foi de pouco mais de dois anos e a luz no fim do túnel veio do marido
dela, que estava cumpria pena no Presídio Regional do Serrotão, em Campina
Grande.
Com a ajuda de advogados, a mulher
conseguiu autorização para que o companheiro fizesse exames e, depois de
resultados positivos, conseguisse a liberação da penitenciária para doar um dos
rins à esposa. Depois da recuperação da cirurgia, o doador voltou para o
presídio.
Após o procedimento, Andrea passou
alguns meses de recuperação e foi experimentando aos poucos a sensação de fazer
coisas do cotidiano que não fazia há tempos. “Eu não tenho o que reclamar,
consigo fazer todas as tarefas de casa normalmente, ir ao banheiro sem sentir
dores, visitar o meu marido no presídio, entre várias outras coisas” explicou
Andrea Solto.
Fila de espera para o transplante
O número de
pessoas que ainda aguarda na fila de transplantes de órgãos é grande.
Atualmente, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, pelo menos 684 pessoas
estão esperando para receber um novo órgão, sendo 348 para transplante de
córnea, 333 transplantes de rim e três à espera de um fígado.
Há casos, porém, em que o paciente
nem mesmo integra a fila de espera e consegue um transplante com um parente de
primeiro ou segundo grau. O policial militar Thales Emanuel, 32 anos, descobriu
ter um problema renal em 2012 e teve como doadora a própria mãe.
"Eu
descobri a doença num exame para uma seleção na Força Nacional e, daí por
diante fizemos uma reunião com a minha família , fizemos exames e minha mãe deu
compatível", explicou Thales.
O policial lembra que quando foi diagnosticado com a
necessidade de um transplante sofreu um impacto bastante negativo, que só foi
superado totalmente depois que descobriu que a mãe poderia salvá-lo.
"É muito angustiante saber que
você pode sofrer alguma crise, a qualquer momento e precisar de diálise, eu
ficava angustiado. Quando soube que minha mãe poderia doar o órgão fiquei muito
aliviado, emocionado. Hoje tenho uma vida normal, faço tudo o que fazia
antes", concluiu.
Hospitais aptos a transplantes na Paraíba
Apenas três
hospitais fazem cirurgias de transplante de órgãos na Paraíba: o Hospital
Antônio Targino, em Campina Grande, e os hospitais da Unimed e Nossa Senhora
das Neves (Hnsn), em João Pessoa. Para ser submetido a um transplante, o
paciente deve estar inscrito na lista única de transplante do Sistema Nacional
de Transplante (SNT) e vinculado a um serviço transplantador.
Além do trâmite burocrático, o
paciente passa por várias avaliações multiprofissionais para receber o
transplante. Em geral, essa avaliação dura em torno de três meses até que a
cirurgia seja realizada.
*Sob supervisão de Taiguara Rangel
Por Iago Bruno*, G1 PB