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'Se o brasileiro soubesse tudo o que sei, seria muito difícil dormir', diz Cármen Lúcia

Domingo, 08 de outubro de 2017
"Não pode um ministro calar o outro. Aliás, acho que ninguém pode calar ninguém", enfatizou a ministra presidente do Supremo
A presidente do Supremo ainda fez uma forte defesa da democracia e disse não acreditar no risco de uma intervenção militar (Foto: Reprodução)
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, afirmou nesta sábado que o brasileiro não dormiria, se conhecesse tudo o que ela sabe. A declaração foi dada pela ministra ao comentar a situação dos presídios brasileiros, segundo ela, totalmente dominados organizações criminosas.

"Hoje temos as questões gravíssimas de organizações criminosas dominando em todos os estados do Brasil. Por isso eu digo que não é cômodo nem confortável nenhuma poltrona na qual eu me assente, por uma singela circunstância: eu sou uma das pessoas que mais tendo informações não tenho a menor capacidade de ter sono no Brasil", disse a ministra, durante participação no Festival Piauí Globonews de Jornalismo, realizado em São Paulo:

"Se o brasileiro soubesse tudo o que sei, tendo visitado 15 penitenciárias masculinas e femininas, seria muito difícil dormir", completou.

Cármen Lúcia ainda rebateu os críticos e os desafiou a assumir o seu lugar e fazer o que faz. Para ilustrar o momento atual do Brasil, a ministra citou um trecho do poema “Nosso Tempo”, do mineiro Carlos Drummond de Andrade: “Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos/ As leis não bastam/ Os lírios não nascem da lei/ Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.”

"Vivemos tempos de muito tumulto. Para mim, infelizmente, eu estou na presidência do Supremo e o Brasil quer uma solução para um mundo de tumulto", disse Cármen, negando que se tratasse de um "reclamação."

Delação
Na conversa com a jornalista Consuelo Dieguez e diante de uma plateia, a presidente do STF evitou se aprofundar em temas polêmicos. Sobre a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS, disse apenas que o Supremo ainda vai avaliar se houve ou não manipulação para a produção de provas. Entretanto, ela ressalvou que o ex-procurador-geral da república, Rodrigo Janot, responsável por conduzir os acordos da colaboração dos empresários, é “experiente e muito preparado.”

"A colaboração premiada tem sido um instrumento necessário para chegar ao fatos para que a corrupção não prevaleça. Eventuais excessos serão corrigidos. Nenhuma investigação ou acusação para caso o procedimento não tenha sido perfeitamente aplicado", observou a ministra, que criticou o “vazamento seletivo” das delações:

"O vazamento é um erro."
A presidente do Supremo ainda fez uma forte defesa da democracia e disse não acreditar no risco de uma intervenção militar. Em setembro, o general do Exército Antonio Hamilton Mourão indicou que a tomada do poder pelos militares era uma saída para o país, caso o Judiciário não solucionasse o problema político. A ministra classificou com um desserviço "qualquer fala de qualquer pessoas que seja contra a Constituição."

Provocada a dar opinião sobre as declarações do ministro Gilmar Mendes e os embates com os ministros do STF, Cármen Lúcia se esquivou dizendo que Mendes tem toda uma "peculiaridade" de se manifestar.

"Não pode um ministro calar o outro. Aliás, acho que ninguém pode calar ninguém".



Por O Globo

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Formado em radialismo,Cursou A FUNETECE,Ensino médio Completo,E-mail: radialistasergiothiago@gmail.com.
 
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