Quarta-feira, 01 de novembro de 2017
São 102 anos de uma história sofrida, de
superação e luta para fazer frente aos grandes times da Argentina. A final de
Copa Libertadores da América talvez fosse uma utopia dos mais fanáticos, mas o
futebol guarda momentos para todos e não faz distinção de classe. Na noite
dessa terça-feira, no estádio La Fortaleza, em Buenos Aires, o Lanús fez
história não só por eliminar o River Plate e se garantir na decisão da
principal competição continental das Américas, mas também por alcançar tal
feito com uma virada de cinema. Após sofrer o revés por 1 a 0 no duelo de ida,
no Monumental de Nuñez, “o maior time de bairro do mundo”, como o próprio clube
se intitula, chegou a levar dois gols dos Millonarios antes de arrancar rumo à
virada por 4 a 2.
O gol que
sacramentou o resultado suficiente para o Lanús também não foi um lance
qualquer. Pela primeira vez na história da Libertadores, o árbitro Wilmar
Roldán solicitou o árbitro de vídeo para definir uma dúvida. Após a consulta, o
colombiano voltou atrás de sua marcação e assinalou pênalti de Montiel em
Pasquini. Um puxão de camisa que passaria despercebido e acabou culminando no
gol de Alejandro Silva, que ainda teve calma para uma cobrança mansa, no meio
do gol.
Antes de toda uma
festa inimaginável até então, o River Plate se mostrou senhor do jogo. Entrou
em campo com a pose de um tricampeão e logo abriu 2 a 0 no placar. Primeiro,
Braghieri cometeu uma penalidade infantil em Macho Fernández e Ignacio Scocco
cobrou para chegar ao seu oitavo gol nessa Libertadores.
Pouco depois,
cobrança de falta na área e Gonzalo Montiel aproveitou bem o rebote do goleiro
Andrada. Os jogadores do River comemoravam cientes da larga vantagem que
estavam conquistando na casa do adversário. Afinal, com pouco mais de 65
minutos a serem jogados, o modesto e valente time do Lanús teria de marcar quatro
gols.
O primeiro deles,
no entando, veio na última jogada antes do intervalo. José Sand fuzilou Lux e
diminuiu. Mas o centroavante e ídolo local colocou fogo no jogo quando voltou a
balançar as redes com apenas 40 segundos do segundo tempo, depois de uma
desatenção da defesa visitante, típico de quem se acomoda em uma condição tão
favorável.
Ainda faltavam dois
gols. Possível, mas difícil. Sem nada a perder, o Lanús partiu para a pressão.
E o mais surpreendente é que não demorou para a atitude suicida dar resultado.
Aos 16, Lautaro Acosta virou o jogo ao completar cruzamento de Alejandro Silva.
La Fortaleza pulsava de emoção a essa altura.
E o River Plate,
apesar da sua camisa pesada, se viu em papéis invertidos. Os comandados de
Marcelo Gallardo pareciam atordoados em campo e sem reação por medo do que
viria. Dessa forma, o que ninguém imaginava aconteceu ainda aos 21 minutos.
A tecnologia chegou
no momento mais oportuno para o Lanús. Wilmar Roldán já sinaliza tiro de meta
quando foi pressionado pelos jogadores a rever o lance fora da bola. Sem uma
definição do árbitro de vídeo, o colombiano se dirigiu ao monitor e tirou suas
dúvidas. Pênalti marcado. Coube a Alejandro Silva marcar talvez o gol mais
importante da história do Lanús. E o atacante não decepcionou.
Como não podia
deixar de ser, como num belo filme de drama argentino, o River Plate foi à luta
novamente e por pouco não frustrou toda a épica história do Lanús. Pinola
acertou a trave, Andrada fez duas defesas sensacionais e o apito final veio apenas
aos 50 minutos do segundo tempo. À partir daí só se viu choro, abraços e uma
comemoração alucinada de um lado, enquanto os Millonarios ainda tentavam
acreditar e entender como foram eliminados dessa semifinal de Libertadores
depois de ter a vaga nas mãos.
Resta agora saber
se o Grêmio não cairá na mesma armadilha. Os gaúchos abriram 3 a 0 sobre o
Barcelona-EQU e jogarão em casa nessa quarta-feira para confirmar o
favoritismo. Independente de quem passar, o Lanús estará esperando. E se os
brasileirão não decepcionarem, as finais, que estão marcadas para os dias 22 e
29 de novembro, terminarão em La Fortaleza mais uma vez.
Gazetaesportiva