Terça-feira, 14 de novembro de 2017
A queda segue tendência nacional e revela que maior parte dos
brasileiros tem hoje outras prioridades de vida
Imagem ilustrativa
Os paraibanos em
relacionamentos heterossexuais estão casando menos e tendo menos filhos,
segundo dados divulgados nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), na sua Estatística do Registro Civil 2016. A
queda segue tendência nacional e revela que maior parte dos brasileiros tem
hoje outras prioridades de vida.
Foram 16.778 casamentos em 2016, contra os 18.925 do ano
anterior, redução de mais de 11% entre os dois anos. Desde 2004 não se via um
volume tão baixo no número dos registros civis, menor dos últimos 11 anos.
Na avaliação do pesquisador e sociólogo Luiz Gonzaga Júnior,
da Faculdade Internacional da Paraíba (FPB), os números refletem o perfil da
atual geração, mais preocupada com realizações profissionais do que na
oficialização do matrimônio.
“Décadas atrás o princípio da independência estava muito
ligado ao casamento, as pessoas se casavam para sair da casa dos pais e
conseguirem chegar à vida adulta. Hoje essa independência está ligada à
formação acadêmica e a realização profissional, muito mais que ao matrimônio”,
destaca o professor.
Além disto, muitos casais não dão tanta importância à
formalização da união. É o caso de Leonardo Valverde, 32 anos, e Germana
Cavalcanti, 32 anos. Eles começaram a namorar em 2003 e moram juntos desde
2012. De acordo com o arquiteto, colocando os prós e contras na balança o casal
não conseguiu achar grande vantagem no registro civil.
“Até o momento não percebi qual seria a vantagem do registro.
Já moramos juntos há cinco anos, ela é minha esposa, nossa relação já se
configura em união estável, não vejo sentido na burocracia que seria o
casamento civil. Nunca achei q precisasse de um documento para declarar que sou
casado. Se precisarmos, por exemplo, financiar um imóvel, é mais fácil como
estamos do que casados no civil, já que configuraria um vínculo”, disse
Leonardo Valverde.
Menos nascidos
O paraibano também está tendo menos filhos. A Estatística do
Registro Civil mostra que em 2016 foram 54.732 nascidos vivos em todo o Estado,
volume menor que os anos de 2015 (58.454 nascimentos) e 2014 (57.305). É a
primeira vez desde 2012 que a Paraíba tem queda no número de nascidos vivos.
De acordo com o sociólogo Luiz Gonzaga Junior, esses dados
também demonstram mudança nos objetivos de vida dos brasileiros. “São vários os
fatores. Os matrimônios acontecem mais tarde, as pessoas estão mais
responsáveis, porque têm mais acesso a educação, está mais focada na
capacitação e no trabalho do que da constituição de família”, disse.
Por Beto Pessoa, do Jornal
Correio da Paraíba