Quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
Fisiologistas
explicam o "Excesso de Consumo de Oxigênio Pós-Exercício", conceito
que diz como o nosso corpo “paga” uma dívida de oxigênio contraída durante a
atividade
Toda vez que temos o
início do verão voltam a aparecer certos “modismos” nas academias.
Invariavelmente as novas metodologias sempre acenam com resultados rápidos e pouco
investimento de tempo. Cria-se a ilusão de que algum novo método pode, como que
por mágica, rapidamente resolver problemas estéticos frutos de hábitos
inadequados mantidos durante todo o ano.
Uma
discussão que sempre acaba sendo resgatada é a do metabolismo aumentado depois
do exercício. Propostas mal fundamentadas prometem que determinados exercícios
poderiam manter o gasto de energia (metabolismo) elevado por até 36 horas
depois de terminada a atividade. Esta teoria está baseada em um conceito da
fisiologia do exercício que se tornou conhecido pela sigla Epoc, em inglês
Excesso de Consumo de Oxigênio Pós-Exercício.
O gasto calórico é sempre
calculado fisicamente pela quantidade de trabalho realizado (Foto: iStock Getty
Images)
Este conceito que já abordamos em colunas anteriores
explica como o nosso corpo “paga” uma dívida de oxigênio contraída durante uma
atividade, quando esta atividade é constituída predominantemente de exercícios
anaeróbicos, que são os exercícios de alta intensidade e curta duração.
De fato, quando esta atividade predomina
durante uma sessão de exercícios, após o seu término, o nosso consumo de
oxigênio (que é a expressão do gasto calórico) vai ficar aumentado até que o
metabolismo anaeróbico dispendido seja “pago” com o consumo de oxigênio. O que
não procede é a ideia que isto vai proporcionar um resultado de gasto calórico
maior ou potencializado.
O gasto calórico é sempre calculado
fisicamente pela quantidade de trabalho realizado. Invariavelmente toda atividade
que se caracteriza por sustentar e deslocar o nosso peso corporal, situação
típica dos exercícios aeróbicos, gasta muito mais energia que os exercícios
intensos de curta duração, típico dos exercícios anaeróbicos. A diferença é que
no primeiro caso a energia é “paga” durante a atividade e no segundo caso é
“paga” principalmente após.
O “pagamento” dessa dívida de oxigênio é saldado em um
curto espaço de tempo e nunca vai existir a situação do gasto calórico ser
mantido elevado por 36 horas.
Mais uma vez é importante lembrar que não
existem fórmulas mágicas! Os modismo vêm e vão, mas são os conceitos básicos da
fisiologia do exercício que permanecem.
*As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira
responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de
vista do Globoesporte.com / EuAtleta.com.
Por
Gerseli Angeli e Turibio Barros, Miami, EUA