Terça-feira, 15 de maio de 2018
Dados da Escola Nacional de Seguros também mostram que 74%
dos acidentes envolvem motocicletas.
Acidente carro. Reprodução/Vinícius Roratto/Correio do Povo
Um estudo com base nos indicadores do seguro obrigatório de
automóveis DPVAT, divulgado nesta segunda-feira (14) pela Escola Nacional de
Seguros, revela que os acidentes graves ocorridos no trânsito brasileiro em 2017
provocaram impacto econômico de R$ 199 bilhões, ou o correspondente a 3,04%
do PIB (Produto Interno Bruto) a soma dos bens e serviços produzidos no
país).
O valor equivale ao que seria
gerado pelo trabalho das vítimas, caso os acidentes não tivessem ocorrido. De
acordo com o estudo, os acidentes no trânsito mataram 41,1 mil pessoas no ano
passado em todo o país e deixaram com invalidez permanente, que as afasta da
atividade econômica que exerciam, outras 42,3 mil.
O número de pessoas mortas ou
com alguma sequela permanente subiu 35,5% de 2016 (61,6 mil vítimas) para 2017
(83,5 mil), o que significa que a perda produtiva subiu nesse percentual de um
ano para outro. O resultado se aproxima do total de vítimas fatais e pessoas
com sequelas registrados em 2015 (100,4 mil).
Motos
A coordenadora da pesquisa,
economista Natália Oliveira, do CPES (Centro de Pesquisa e Economia do Seguro)
da Escola Nacional de Seguros, destacou que a maior parte dos acidentes no ano
passado (74%) envolveu motocicletas, sendo que 59% dos acidentados nesse tipo
de veículo eram os próprios condutores. Segundo a economista, 90,5% das vítimas
estavam em fase economicamente ativa.
“Outro número que chama bastante a atenção é que 48,5% estão
entre 18 e 34 anos de idade. Se você tira uma pessoa [do mercado de trabalho]
de 18 anos ou até 34 anos, você perdeu os 30 anos futuros que ela teria para
produzir”, explicou Natália.
De acordo com a pesquisa, apesar
de as motos representarem 27% da frota nacional de veículos, elas são
responsáveis pelo maior número de acidentes no Brasil e também de vítimas.
Foram 285.662 sinistros no ano passado com esses veículos. Os homens constituem
a maior parte das indenizações por morte em acidentes com motocicletas (88%).
No caso de acidentes de motos que resultaram em sequelas permanentes, 79% das
indenizações também foram para vítimas do sexo masculino, mostra o estudo.
Impactos
Embora o impacto econômico
provocado pelos acidentes no trânsito em 2017 tenha sido maior no Sudeste (R$
76,71 bilhões), a perda em comparação ao PIB foi a menor entre as regiões
brasileiras (2,15%). A maior perda foi encontrada no Centro-Oeste, equivalente
a 4,86% do PIB.
Por estados, a maior perda foi
observada no Tocantins (7,09% do PIB), seguida do Piauí (6,42%) e Rondônia
(5,87%). Já em números absolutos, São Paulo apresentou o maior impacto
econômico em função dos acidentes de trânsito: R$ 30,91 bilhões. Em seguida,
vêm Minas Gerais, com R$ 19,50 bilhões, e Rio de Janeiro (R$ 15,52 bilhões).
O estudo revelou que o maior
número de mortes no trânsito ocorreu na Região Sudeste (14,01 mil), mas quando
se consideram mortes mais sequelas permanentes, a liderança é exercida pelo
Nordeste (29,3 mil). “Para ter uma ideia, em São Paulo morre quase a mesma
quantidade de pessoas que a Região Sul. Só no estado de São Paulo, morrem 6,1
mil pessoas por ano, enquanto na Região Sul são 6,6 mil”.
Educação
Natália Oliveira ressaltou que o
objetivo da sondagem é chamar a atenção para a necessidade de investimentos
nessa área. “No momento em que a gente consegue quantificar monetariamente
esses números, a gente espera que o governo consiga melhorar a punição,
fiscalização, educação, que são os pilares para a redução dessa estatística”.
Ela acredita que somente assim se poderá reverter esse quadro.
Ela acredita que quando há uma
maior punição para os responsáveis pelos acidentes, o efeito é imediato no
sentido de redução dos sinistros. Já o maior investimento em educação tem um
retorno a longo prazo, mas que se mostra mais eficiente e mais consciente.
Agência Brasil