Terça-feira, 30 de outubro de 2018
Presidentes do Senado e
da Câmara veem dificuldade para aprovação
Segundo o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), "quem tem condições" de iniciar o debate sobre o assunto é o próprio presidente eleito (Foto: Reprodução)
No primeiro dia de atividades no Congresso após a eleição de Jair
Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República, os presidentes da Câmara e do
Senado disseram que caberá ao futuro Chefe do Executivo uma sinalização sobre
votar ainda este ano a reforma da Previdência.
Paralisada na Câmara desde fevereiro, quando o presidente Michel Temer
decretou intervenção na segurança pública do Rio de Janeiro, a proposta pode
ser votada da forma como está ou ser alterada para incluir pontos defendidos
pela futura equipe econômica.
Segundo o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ),
"quem tem condições" de iniciar o debate sobre o assunto é o próprio
presidente eleito. "Falar quando vai ser votada seria precipitação. Esse é
um assunto tão importante que não deve gerar expectativa equivocada. Não sei
ainda se tem clima na Casa", afirmou, ao chegar no Congresso Nacional. O
parlamentar, que evitou responder se vai concorrer à reeleição para o comando
da Câmara, disse que está à disposição da nova equipe, como parlamentar e cidadão,
para ajudar no assunto.
"Eu acho que é urgente. Entre o que eu acho [e as condições para se
colocar em votação], há uma distância. Precipitado é votar qualquer coisa sem
voto. Tem que ter paciência", disse, informando que ainda não tem nenhum
encontro marcado para discutir o assunto com Jair Bolsonaro ou com a equipe de
transição entre o governo atual e o que se inicia em janeiro próximo.
Tramitação no Senado
Já o presidente do Senado, Eunício Oliveira, lembrou que a tramitação de
uma proposta de emenda à Constituição não é simples. Como o decreto de
intervenção no Rio impede a votação de mudanças constitucionais, seria
necessário que o presidente Michel Temer suspendesse o ato. Além disso, o texto
precisa ser aprovado em dois turnos no plenário da Câmara para só então ser
apreciada pelos senadores.
"Ela [a proposta] terá que ser encaminhada à Comissão de
Constituição e Justiça para emitir um parecer. Depois, ela vem para o plenário
do Senado, onde se abre prazo de cinco sessões deliberativas [para o recebimento
de emendas]. Se não tiver emendas, e é difícil uma matéria dessa natureza não
ter emenda, ela vai para voto em primeiro turno. E depois abre-se novamente
prazo para votar em segundo turno", detalhou.
Evitando dizer claramente que não há tempo hábil para a votação ainda
neste ano, faltando pouco mais de um mês para a conclusão dos trabalhos
legislativos, Eunício disse que vai colocar todas as matérias em votação até o
último dia do mandato. "Não sei [se há tempo hábil] O presidente eleito poderá
convocar o Congresso em janeiro [de forma extraordinária] se assim o desejar.
Não depende de mim isso", respondeu.
Sobre projetos polêmicos que foram defendidos durante a campanha do
presidente eleito, como a flexibilização do Estatuto do Desarmamento, Eunício
Oliveira disse que o plenário tem o poder para aprová-los ou não, seguindo o
"processo natural do regime democrático", como sempre foi.
Fonte: Agência Brasil