Domingo, 04 de novembro de 2018
Amal Hussain, de 7 anos,
se tornou conhecida ao ser fotografada pelo "The New York Times" em
um campo de refugiados na cidade de Aslam.
Reprodução da imagem publicada no 'The New York Times' de Amal Hussain (Foto: Reprodução)
Amal Hussain, a menina subnutrida de 7 anos do Iêmen que se tornou
símbolo da guerra em seu país, morreu na última quinta-feira (1º).
Ela se tornou mundialmente conhecida após ter sido fotografada pelo
jornal norte-americano "The New York Times" em um centro médico de um
campo de refugiados na cidade de Aslam.
As enfermeiras a alimentavam a cada duas horas com leite, mas ela
vomitava e tinha diarreia.
Amal faz parte de 1,8 milhões de crianças gravemente desnutridas no
Iêmen, segundo o NYT.
O país está em guerra há três anos. O conflito ocorre entre o governo do
Iêmen, apoiado por coalizão liderada pelos sauditas, e insurgentes houthis
aliados do Irã.
Cerca de 14 milhões de pessoas – metade da população do país – enfrentam
“condições de pré-epidemia de fome”, segundo a ONU, que classifica o conflito
como a pior crise humanitária do mundo.
Amal recebeu alta do hospital em Aslam, ainda doente, de acordo com o
jornal, pois os médicos precisavam abrir espaço para novos pacientes. “Temos
muito mais casos como o dela”, disse a médica Mekkia Mahdi, ao NYT.
A família levou a menina de volta para casa, uma barraca feita de palha
e plástico, em um acampamento onde organizações humanitárias fornecem apoio,
como açúcar e arroz. Mas não foi suficiente. Amal morreu três dias depois.
Na reportagem do jornal, a médica havia chamado a atenção para o estado
da menina. “Veja”, disse ela. “Sem carne. Apenas ossos”.
O jornal também havia relatado que a mãe estava doente, recuperando-se
de dengue. “Meu coração está partido. Amal estava sempre sorrindo. Agora estou
preocupada com meus outros filhos”, afirmou a mãe, Mariam Ali, ao jornal, por
telefone.
O custo humano da guerra passou para o topo de prioridades da comunidade
internacional após a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi, em 2 de
outubro, dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia.
Líderes globais pediram a suspensão da hostilidade, assim como medidas
de emergência para revitalizar a economia do país, onde o preço dos alimentos
teve um aumento brutal, segundo o NYT.
Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, maiores fornecedores de armas da
Arábia Saudita, solicitaram cessar-fogo ao Iêmen. O secretário de Defesa do
país informou que a medida deve entrar em vigor em 30 dias.
Ataques aéreos sauditas teriam forçado a família de Amal a fugir de
casa, nas montanhas, há três anos. A família era originalmente de Saada, uma
província na fronteira com a Arábia Saudita. Segundo o "The New York
Times", Saada é reduto dos rebeldes houthi.
Fonte: R7