Segunda-feira, 29 de abril de 2019
Áreas
com maior incidência de acidentes de trabalho foram atendimento hospitalar,
comércio varejista, administração pública e construção de edifícios
Entre 2012 de 2018 foram
contabilizados 17.200 falecimentos em razão de algum incidente ou doença
relacionados à atividade laboral (Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil)
O Brasil registra uma morte
por acidente de trabalho a cada 3 horas e 40 minutos. Segundo o Observatório
Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, entre 2012 de 2018 foram
contabilizados 17.200 falecimentos em razão de algum incidente ou doença
relacionados à atividade laboral. Neste domingo, é comemorado o Dia Mundial e
Nacional de Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças de Trabalho, uma data
criada para alertar a sociedade sobre o problema.
No comparativo por anos, houve
queda nos registros, com 2.659 casos em 2014; 2.388 em 2015; 2.156 em 2016;
1.992 em 2017; e 2.022 em 2018. Já os acidentes de trabalho são mais frequentes
e ocorrem a cada 49 segundos. No mesmo período, foram registrados 4,7 milhões
incidentes deste tipo, conforme o Observatório.
Os tipos de lesão mais comuns
foram corte e laceração, com 734 mil casos (21%). Em seguida, vêm fraturas, com
610 mil casos (17,5%), contusão e esmagamento, com 547 mil (15,7%), distorção e
tensão, com 321 mil (9,2%) e lesão imediata, com 285 mil (8,16%). As áreas mais
atingidas foram os dedos (833 mil incidentes), pés (273 mil), mãos (254 mil),
joelho (180 mil), partes múltiplas (152 mil) e articulação do tornozelo (135
mil).
As áreas com maior incidência de
acidentes de trabalho foram atendimento hospitalar (378 mil), comércio
varejista, especialmente supermercados (142 mil), administração pública (119
mil), construção de edifícios (106 mil), transporte de cargas (100 mil) e
correio (90 mil). Já no ranking por
ocupação, as ocorrências mais frequentes foram as de alimentador de linha de
produção (192 mil), técnico de enfermagem (174 mil), faxineiro (109 mil),
servente de obras (97 mil) e motorista de caminhão (84 mil).
Entre os homens, os acidentes
foram mais frequentes na faixa etária dos 18 aos 24 anos. Já entre as mulheres,
no grupo de 30 a 34 anos.
Na distribuição geográfica, os
estados com maior ocorrência destes incidentes foram São Paulo (1,3 milhão),
Minas Gerais (353 mil), Rio Grande do Sul (278 mil), Rio de Janeiro (271 mil),
Paraná (269 mil) e Santa Catarina (185 mil).
Para além dos impactos principais
e graves dos danos à vida e à integridade de trabalhadores, os acidentes de
trabalho também trazem outras consequências. No período monitorado pelo
Observatório, 351 milhões de dias de trabalho foram ‘perdidos’ em razão dos
afastamentos. Os gastos estimados neste mesmo intervalo chegaram a mais de R$
82 bilhões.
Na avaliação do coordenador
nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, do Ministério Público do
Trabalho, Leonardo Mendonça, o Brasil ainda tem muito o que avançar. Mendonça
diz que, a despeito do discurso das empresas considerar a importância da
segurança nos locais de trabalho, a preocupação com a produção ainda vem em
primeiro lugar.
O procurador argumenta que
empregadores devem investir tanto em prevenção como no fornecimento de
materiais de segurança. “O ideal é ter um ambiente de trabalho organizado não
apenas no sentido de um local limpo, mas saudável, que não seja propenso a adoecimentos”,
defendeu.
Segundo o procurador, a construção
desse ambiente para evitar acidentes e adoecimentos envolve uma preparação do
conjunto das empresas, inclusive a formação de seus funcionários e pessoas em
postos de chefia. “É preciso fazer capacitações com todos os setores da
empresa. Desde o topo até o funcionário de chão de fábrica para que tenha
carimbo de que realmente ela se preocupa com saúde”, argumenta.
Em abril, foi lançada a Campanha de
Prevenção a Acidentes de Trabalho (Canpat 2019), uma iniciativa
conjunta do governo federal, Ministério Público do Trabalho e entidades
patronais e de empregadores. O objetivo da iniciativa foi alertar para o
problema e estimular empregadores e trabalhadores a construírem ambientes mais
saudáveis.
Fonte: Agência Brasil