Terça-feira, 21 de maio de 2019
O intuito é de minimizar
o uso indiscriminado de antibióticos – que tem como efeito colateral a
proliferação de “superbactérias”, cada vez mais resistentes a esses
medicamentos.
Já existem algumas evidências de que o mel e remédios que contêm pelargonium, guaifenesina e dextromertorfano ajudam a aliviar os sintomas da tosse. (Foto: Reprodução)
De acordo com as diretrizes propostas pelo Instituto Nacional de
Excelência Clínica e de Saúde (NICE), os médicos britânicos orientam seus
pacientes a ingerirem o mel para o tratamento da tosse, uma alteração
no contexto das diretrizes que têm em vista a diminuição do uso de
antibióticos.
O órgão explica que já existem algumas evidências de que o mel e
remédios que contêm pelargonium, guaifenesina e dextromertorfano ajudam a
aliviar os sintomas da tosse.
Segundo eles, os antibióticos não devem ser recomendados como
tratamentos de primeira linha para a tosse porque, na maioria dos casos, estes
não ajudam a combater os sintomas causados pelo frio, gripe ou bronquite.
As novas recomendações do sistema de saúde são dirigidas especificamente
aos médicos, com o intuito de minimizar o uso indiscriminado de antibióticos –
que tem como efeito colateral a proliferação de “superbactérias”, cada vez mais
resistentes a esses medicamentos.
“Para um paciente com nariz entupido, garganta dorida e tosse, os
antibióticos não são necessários. A tosse deve passar no intervalo de duas a
três semanas”, explica em comunicado a médica Tessa Lewis, representante do
NICE, organização que emite recomendações ao sistema público de saúde do país
(NHS).
Aliás, existem diferentes estudos que já avaliaram o desempenho do mel
no combate à tosse. Um deles, publicado em 2007 na revista científica Jama
Pediatrics, avaliou, entre outras coisas, o seu impacto em 105 crianças e
jovens entre os dois e os 18 anos, com infecções do trato respiratório
superior. Na maioria dos casos, os pais entrevistados avaliaram o mel como um
dos tratamentos mais eficientes contra a tosse e a consequente dificuldade das
crianças em dormir.
Em 2001, um documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) também
concluiu que o chá de limão e mel tende a aliviar sintomas de tosse em
crianças, mas deve ser evitado em bebés pequenos – o risco, nos que têm menos
de um ano, é de infeção por uma bactéria do mel que pode causar botulismo
infantil. Também não são recomendados chás a bebés pequenos que ainda estão a
ser amamentados ou pastilhas contra a tosse em crianças pequenas por causa do
risco de se engasgarem.
E se a tosse piorar?
A recomendação emitida pelo NICE e pelo Public Health England (PHE) sugere
tratar a tosse com mel e medicamentos isentos de prescrição e esperar que os
sintomas diminuam.
No entanto, “se a tosse piorar e a pessoa se sentir muito indisposta ou
sem ar, deve procurar um médico“, afirma Lewis.
Além disso, podem ser necessários antibióticos caso a tosse seja sintoma
de uma doença mais grave ou quando o paciente está sob risco de desenvolver
complicações mais severas como, por exemplo, pacientes com doenças crônicas ou
com o sistema imunitário debilitado.
Mas, na maioria dos casos, as tosses são causadas por vírus, que não são
tratáveis por antibióticos e costumam ser curados naturalmente pelo organismo.
O NICE levantou estas recomendações porque, apesar disso, pesquisas
recentes identificaram que 48% dos médicos britânicos prescreviam antibióticos
indiscriminadamente para tosses ou bronquites.
“A resistência aos antibióticos é um grande problema, por isso,
precisamos de agir para reduzir o uso destes medicamentos”, disse em comunicado
a médica Susan Hopkins, vice-diretora da PHE.
Fonte: ClickPB