Segunda-feira, 22 de julho de 2019
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O número de pacientes notificados com casos de hepatites virais no
Brasil aumentou 20% de 2008 a 2018, de acordo com o Boletim Epidemiológico de
Hepatites Virais 2019, divulgado hoje (22) pelo Ministério da Saúde. Em 2008,
foram registrados 35.370 casos. Dez anos depois, esse número saltou para
42.383.
Apesar do aumento, o levantamento apontou queda de 9% no total
de mortes, saindo de 2.402 em 2007 para 2.184 em 2017.
A hepatite é a inflamação do fígado. Ela pode ser causada por
vírus ou pelo uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, assim como por
doenças autoimunes, metabólicas e genéticas.
De acordo com o Ministério da Saúde, são doenças silenciosas que
nem sempre apresentam sintomas, mas quando estes aparecem, podem ser cansaço,
febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos
amarelados, urina escura e fezes claras.
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos
vírus A, B e C. Existem, ainda, os vírus D e E, esse último mais frequente na
África e na Ásia.
De 2000 a 2017, foram identificados no Brasil, segundo o
boletim, 70.671 óbitos por causas básicas e associadas às hepatites virais dos
tipos A, B, C e D. Desses, 1,6% foi associado à hepatite viral A; 21,3% à
hepatite B; 76% à hepatite C e 1,1% à hepatite D.
O boletim mostra que o tipo C da doença, além de ser o mais
letal, é o mais prevalente. Ao todo, 26.167 casos foram notificados em 2018.
A doença é transmitida por sangue contaminado, sexo desprotegido
e compartilhamento de objetos cortantes.
O maior número de pessoas com hepatite C se concentra em pessoas
acima dos 40 anos. A hepatite C nem sempre apresenta sintomas.
Por isso, o Ministério da Saúde estima que, atualmente, mais de
500 mil pessoas convivam com o vírus C da hepatite e ainda não sabem.
Foram notificados ainda 2.149 casos de hepatite A no Brasil. A
transmissão mais comum desse tipo da doença é pela água e alimentos
contaminados. O tratamento geralmente evolui para cura.
Também foram registrados 13.992 casos de hepatite B, que pode
ser transmitida pelo contato com sangue contaminado, sexo desprotegido,
compartilhamento de objetos cortantes e de uso pessoal e pode também ser
transmitida de mãe para filho.
Já a hepatite D foi registrada em 145 pacientes. A infecção
ocorre quando a pessoa já contraiu o vírus tipo B.
Os sintomas da hepatite D são silenciosos e a doença é combatida
por meio da vacina contra a hepatite B que também protege contra a D.
Nas vésperas do Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais,
dia 28 de julho, o Ministério da Saúde alerta para a importância do diagnóstico
e tratamento da doença.
“Estamos garantindo prevenção, por meio de vacinas, e
diagnóstico, com oferta de testes, além de tratamento medicamentoso. É muito
importante que as pessoas acima de 40 anos procurem a unidade de saúde mais
próxima para realizar testagem e se imunizar contra a hepatite B e que os pais
vacinem as crianças contra hepatite A. Assim, conseguiremos tratar ainda mais
pessoas e eliminar a sombra da hepatite do Brasil”, diz, em nota, o ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Em 2018, o Ministério da Saúde distribuiu 25 milhões de testes
de hepatite B e C. Para 2019, com o fortalecimento das ações de diagnóstico e
ampliação do tratamento, a expectativa é que esse número seja superado.
Além dos testes, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece vacina
contra a hepatite A para menores de 5 anos e grupos de risco. Disponibiliza
também vacina contra a hepatite B para todas as faixas etárias. Esta vacina
também protege contra a hepatite D.
O Brasil tem como meta eliminar a hepatite C até 2030. Para
isso, nos últimos três anos, foram disponibilizados pelo SUS 100 mil
tratamentos para hepatite C.
Neste ano, foram entregues 24 mil tratamentos para a doença. Até
o início de agosto, de acordo com o Ministério da Saúde, serão entregues outros
5 mil tratamentos.
Em 2019, o Ministério da Saúde adquiriu 42.947 tratamentos
sofosbuvir/ledipasvir e sofosbuvir/velpatasvir. Outros 7 mil tratamentos estão
em processo de aquisição.
De acordo com a pasta, todas as pessoas diagnosticadas com
hepatite C têm a garantia de acesso ao tratamento, independente do dano no
fígado, assegurando universalização do acesso previsto desde março de 2018.
Essa ação, segundo o ministério, coloca o Brasil como protagonista mundial no
combate a hepatite C.
Agência Brasil