Sábado, 07 de março de 2020
Prática tem efeitos positivos sobre atenção, memória e execução
de tarefas diárias
Atividade é uma possibilidade de intervenção acessível e segura para a prevenção e promoção de saúde da população crescente de idosos no país (Foto/; Reprodução/Porta Amigo do Idoso)
A dissertação “Os
efeitos da yoga sobre a atenção, memória e o desempenho executivo de idosos
saudáveis” da pesquisadora Mônica dos Santos Rodrigues, do Programa de
Pós-Graduação em Neurociência Cognitiva e Comportamento (PPGNEC) da
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), aponta que a prática regular de ioga auxilia no combate à
ansiedade e depressão em pessoas idosas.
O grupo da pesquisa de
Rodrigues foi composto, em sua maioria, por mulheres (78%), brancas (64%),
aposentadas (75%), nível superior completo (64%) e renda mensal entre três e
seis salários mínimos (71%). Todas moradoras de João Pessoa e com diagnóstico
de pessoas saudáveis.
“Idosos
considerados saudáveis foram aqueces que não apresentaram, por exemplo,
traumatismo craniano, distúrbios de aprendizagem, abuso de álcool ou drogas,
graves déficits de audição ou de fala, Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla
e doenças cerebrovasculares”, argumenta.
Conforme
a pesquisa, a melhora sobre os sintomas ansiosos e depressivos foi verificada a
partir de uma contagem global em um conjunto de perguntas envolvendo sintomas
característicos, como ‘eu me sinto alegre’, ‘sinto medo, como se algo ruim
fosse acontecer’ e ‘tenho a sensação de estar em pânico’. “Eles foram reduzidos
após o período de intervenção”, atesta.
De
acordo com Mônica Rodrigues, o hata-ioga (forma de ioga pré-clássico) tem
demonstrado efeitos importantes sobre as funções cognitivas e fatores afetivos
associados. “Quanto maior a frequência e o período dedicados à prática, mais
expressivos serão os efeitos de maneira global. Pesquisas comparativas entre
praticantes avançados e iniciantes fortalecem esse ponto”, explica.
As
conclusões, nos dados da pesquisa de Rodrigues, indicam que a prática regular
(duas vezes por semana, frequência mais observada na realidade do Brasil),
mesmo por um período de 15 dias (correspondendo a cinco aulas, um período
considerado breve) já apresenta potencial de proporcionar benefícios cognitivos
e afetivos.
A
memória, relata a pesquisadora, foi avaliada na prática de ioga por três meses.
“Demonstrou efeito significativo sobre a capacidade de manutenção das
informações de modo temporário (memória de trabalho) e as queixas de falta da
memória prospectiva e retrospectiva. Ocorreu uma diminuição na frequência de
esquecimentos, por exemplo, sobre compromissos e acontecimentos da vida
cotidiana”, cita.
Quanto
à atenção plena, foi constatado que “o grupo passou a notar e estar mais atento
às experiências e eventos (internos e externos) e aprimorou a capacidade de
perceber pensamentos, sentimentos e conteúdos sem reagir a eles e ser afetado
por eles do mesmo modo que antes”.
Envelhecimento
Projeções
da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que, no período de 1950 a 2025, o
número de idosos no Brasil aumentará três vezes mais em relação ao aumento da
população total, o que corresponderá aproximadamente a 32 milhões de pessoas
com 60 anos ou mais de idade.
Mônica
Rodrigues enfatiza que o processo de envelhecimento não é homogêneo e os
declínios cognitivos associados a fatores genéticos e socioculturais podem ser
prevenidos e minimizados.
“Atenção
e memória são aspectos cognitivos que dão suporte às atividades cotidianas e
afetam diretamente a qualidade de vida da população. A prática de ioga
representa uma possibilidade de intervenção acessível e segura para a prevenção
e promoção de saúde cognitiva da população crescente de idosos, atuando de
forma efetiva na qualidade de vida deles”, reforça a pesquisadora.
Por: Portal
Correio