Quarta-feira, 17 de junho de 2020
Eles se reuniram de forma
virtual com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além de outros parlamentares.
A opinião unânime de todos eles é a de que o pleito precisa ser adiado, de outubro para novembro ou até mesmo dezembro. (Foto: Walla Santos)
SÃO PAULO, SP
(FOLHAPRESS) — Um grupo de médicos e cientistas discutiu na manhã desta terça
(16) a necessidade de adiamento das eleições municipais por causa da crise do
novo coronavírus.
Eles
se reuniram de forma virtual com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e
da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além de outros parlamentares.
O
encontro foi organizado pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral),
Luís Roberto Barroso, que já havia conversado anteriormente com os
profissionais.
A
opinião unânime de todos eles é a de que o pleito precisa ser adiado, de
outubro para novembro ou até mesmo dezembro.
Segundo
o físico Roberto Kraenkel, especialista em modelagem epidemiológica da Unesp e
coordenador do observatório Covid-19, o adiamento permitirá que o país ganhe
tempo e que talvez a situação da epidemia, até o fim do ano, esteja mais
controlada.
Ele
frisa que isso "não é tampouco uma certeza", mas pode ocorrer.
"Os
meses de junho e julho serão críticos para a situação epidêmica do Brasil",
disse ele. "Estamos com medidas de isolamento ainda e existe um movimento
pela reabertura [da economia] em muitos locais que ainda crescem", disse
ele aos parlamentares.
Muitas
das reaberturas seriam, portanto, temerárias.
"Seria
necessário substituir o isolamento por uma testagem em massa", seguiu ele,
afirmando que ela não está ocorrendo.
"É
possível haver um repique [de casos de Covid-19] até mesmo em agosto, se as
reaberturas não forem bem sucedidas", disse Kraenkel. Daí a necessidade de
adiamento das eleições.
"Em
agosto será preciso reavaliar a situação do país, para que possamos tomar pé
dela", disse ele.
O
físico alertou ainda que "todas as previsões, estimativas, tem que ser
tomadas como probabilidades, e não como certezas".
O
biólogo Átila Iamarino afirmou que há outros fatores que podem influir na curva
epidêmica, como a sazonalidade.
Ele
disse que o novo coronavírus pode se comportar como outros vírus respiratórios,
que se disseminam mais em determinadas estações do ano.
"Isso
explicaria por que a região norte tem agora uma mudança brusca [com a queda do
número de infectados pelo novo coronavírus]", seguiu ele.
O
percentual de pessoas infectadas, estimado em 25%, não explicaria a queda já
que estaria longe do necessário para a chamada imunidade de rebanho, que
desacelerariam a velocidade de infecção.
A
questão ambiental pode ser uma explicação, inclusive da ascensão da curva de
infecção na região sul do país.
Se
a sazonalidade se confirmar como fator importante, a situação em todo o país
poderá estar mais controlada no fim do ano, quando então se realizariam as
eleições municipais.
Participaram
da reunião também os infectologistas David Uip e Esper Kallás, o sanitarista
Gonzalo Vecina Neto e os epidemiologistas Paulo Lotufo e Ana Ribeiro.
Uma
PEC (proposta de emenda à Constituição) já foi apresentada pelo senador
Randolfe Rodrigues (Rede-AP) prevendo que as eleições pra prefeitos e
vereadores, previstas para ocorrer no dia 4 de outubro, sejam adiadas para 6 de
dezembro.
Na
justificativa, ele pondera que não se sabe, até o momento, o tempo ainda
necessário de afastamento "para minimamente controlar o pico de expansão
do vírus" ou mesmo "a descoberta de um medicamento ou vacina que
possa conter a doença", o que recomendaria o adiamento do pleito municipal.
Por: Folhapress