Domingo, 20 de junho de 2021
Rogério não usa quatro substituições, vê sua equipe perder
forças e apelar para bolas aéreas em reta final de um jogo onde boa parte dos
jogadores estiveram abaixo tecnicamente no Maracanã
Rogério Ceni em derrota do Flamengo para o Bragantino — Foto: Thiago Ribeiro / Agif
Uma
derrota doída pelas circunstâncias e porque o Flamengo fez por onde vencer o
Bragantino na noite de sábado.
Superior na maior
parte dos 90 minutos, o time de Rogério Ceni teve domínio, mas não teve pernas
para bater o bem armado time de Maurício Barbieri no Maracanã. O treinador
ficou com quatro substituições nas mãos, viu seus jogadores tomarem decisões
equivocadas a medida que a perna pesava e recebeu o castigo no lance final.
Em
entrevista coletiva, Rogério Ceni explicou que a falta de opções ofensivas fez
com que optasse somente pela troca de Michael por Max em todo o jogo. O cansaço
evidente de nomes como Diego e Gerson, por sua vez, indicava para a chamada
mudança de seis por meia-dúzia para que o Flamengo ganhasse fôlego e lucidez,
que fizeram falta a partir da metade do segundo tempo.
Com o 2 a 2 no placar, foi um festival
de cruzamentos que nem Rodrigo Muniz, nem Bruno Henrique conseguiram colocar
para o fundo das redes.
Dizer que o Flamengo fez um jogo ruim
diante do Bragantino seria ser refém do resultado. Não foi o que aconteceu. Os
paulistas até começaram melhor e abriram o placar em lance de sorte de Aderlan,
mas o bicampeão brasileiro logo assumiu as rédeas da partida e fez de Cleiton
um dos melhores jogadores em campo. Além do empate após chute torto de Michael,
Rodrigo Muniz obrigou o goleiro a fazer duas grandes defesas em um primeiro
tempo onde a virada seria justa.
Com Michael e Vitinho bem espetados e
Bruno Henrique próximo de Muniz mais perto da área, o Flamengo tinha
profundidade e até encontrava alternativas interessantes na criação de jogadas.
O problema era executá-las da maneira correta. Do quarteto ofensivo, o jovem
camisa 43 era o único que demonstrava eficiência, tanto que virou o placar em
lindo gol de bicicleta após cruzamento de Matheuzinho.
Até
aí, a partida parecia controlada para um Flamengo que mesmo com a bola nos pés
parecia se desgastar mais do que o adversário. E a situação piorou após pane
geral da defesa que resultou no gol de Eric Ramires de cabeça em bate e rebate.
Precisando
buscar novamente a vantagem no placar, o Flamengo até se debruçava no campo
ofensivo, mas não tinha a mesma lucidez de antes. Diego e Gerson faziam força
demais para pensar as jogadas, que quase sempre resultavam em cruzamentos na
área.
Ao contrário do que aconteceu muitas
vezes na campanha do título do Brasileirão, Ceni optou pela qualidade técnica
em vez da troca para oxigenar o meio de campo. E ficou sem uma coisa, nem
outra.
O
Flamengo até trocava passes, buscava espaços, mas faltava intensidade e
criatividade. O time pressionou o Bragantino na base do abafa e teve em Bruno
Henrique um protagonista com papel de vilão nos minutos finais.
O gol desperdiçado na pequena área aos
44 e a tentativa de jogada errada aos 52 foram determinantes para o
contra-ataque paulista diante de um adversário cansado e desarrumado que
definiu o jogo.
Castigo doído para
quem foi melhor, criou mais chances, fez por merecer a vitória. Mas um placar
que não dá para dizer que foi injusto em um grande jogo no Maracanã. Venceu
quem teve mais perna até o fim. Literalmente.
Por: Cahê Mota — Rio de Janeiro