Quinta-feira, 12 de agosto de 2021
Ator estava internado havia 20 dias e faleceu em decorrência de
uma pneumonia. Artista conviveu com o Mal de Parkinson por mais de 20 anos.
Paulo José na novela 'Em Família' — Foto: Globo/Alex Carvalho
Morreu
no Rio de Janeiro, aos 84 anos, nesta quarta-feira (11), o ator Paulo José.
O
ator estava internado havia 20 dias e faleceu em decorrência de uma pneumonia.
Há mais de 20 anos, ele sofria de Mal de Parkinson.
Paulo
José deixa esposa e quatro filhos: Ana, Bel e Clara Kutner, de seu
relacionamento com a atriz Dina Sfat, além Paulo Henrique Caruso.
No ano de 2020, três dos quatro irmãos
de Paulo morreram de câncer. Ele era o segundo filho de uma família de cinco
irmãos.
Trajetória
Em mais de 60 anos
de carreira, Paulo José marcou a dramaturgia brasileira com trabalhos
fundamentais para o teatro, o cinema e a TV. Teve personagens inesquecíveis,
mas também dirigiu e participou da criação de diversas obras.
Mesmo
depois de descobrir o Mal de Parkinson, doença que o acompanhou por mais de 20
anos, ele sempre se preocupou com a valorização do ofício de ator. Ele lutou
pela regulamentação da profissão no final dos anos 70.
Paulo José Gómez de Souza nasceu em
Lavras do Sul (RS), no dia 20 de março de 1937. Ele teve seu primeiro contato
com o teatro na escola em Bagé, aos dez anos de idade.
Paulo José mudou-se com a família para
Porto Alegre e prestou vestibular para Medicina e, depois, Arquitetura, mas já
começou a carreira no teatro amador.
Ele
se mudou para São Paulo no início da década de 60, onde começou a trabalhar com
o revolucionário Teatro de Arena - lá ele foi ator, contrarregra, assistente de
direção, produtor, diretor musical, cenógrafo e figurinista.
Sua estreia atuando no palco foi em
1961, na peça "Testamento de um cangaceiro". Já no cinema, ele
estreou em 1965, no filme "O padre e a moça", de Joaquim Pedro de
Andrade.
Nos
anos 60 ele atuou em diversos filmes importantes para o Cinema Novo, como
"Macunaíma", de Joaquim Pedro de Andrade, e "Todas as mulheres
do mundo", de Domingos Oliveira.
Paulo
José estreou na TV Globo em 1969, começando uma série de trabalho marcantes por
mais de quatro décadas.
A primeira novela foi ‘Véu de Noiva’,
de Janete Clair, em 1969. Seu primeiro personagem marcante foi o
mecânico-inventor Shazan, que formava uma dupla cômica com Xerife, de Flávio
Migliaccio, em ‘O Primeiro Amor’ (1972), de Walther Negrão.
A dobradinha fez tanto sucesso que
gerou o seriado ‘Shazan, Xerife e Cia.’, escrito, dirigido e interpretado por
Paulo e Flávio, entre 1972 e 1974. Outros personagens inesquecíveis foram o
comerciante cigano Jairom em ‘Explode Coração’ (1995), de Gloria Perez, e o
alcóolatra Orestes de ‘Por Amor’ (1997), de Manoel Carlos.
Atuou em mais de 20 novelas e
minisséries, entre elas, ‘Roda de Fogo’ (1986), de Lauro César Muniz; ‘Vida,
Nova’ (1988), de Benedito Ruy Barbosa; ‘Tieta’ (1989), de Aguinaldo Silva, Ana
Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares; ‘Araponga’ (1990), de Dias Gomes, Ferreira
Gullar e Lauro César Muniz; ‘Vamp’ (1991), de Antonio Calmon; ‘O Mapa da Minha’
(1993), de Cassiano Gabus Mendes; ‘Agora é Que São Elas’ (2003), de Ricardo
Linhares, escrita a partir de uma ideia original do próprio Paulo José;
‘Senhora do Destino’ (2004), de Aguinaldo Silva; ‘Um Só Coração’ (2004) e ‘JK’
(2006), minisséries de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira; ‘Caminho das
Índias’ (2009), de Gloria Perez; e ‘Morde & Assopra’ (2011), de Walcyr
Carrasco.
Como
diretor, participou de alguns episódios de ‘Casos Especiais’ na década de 1980,
e das minisséries ‘Agosto’ (1993), adaptação de Jorge Furtado e Giba Assis
Brasil do romance de Rubem Fonseca; ‘Memorial de Maria Moura’ (1994), adaptação
de Jorge Furtado e Carlos Gerbase da obra de Rachel de Queiroz; e ‘Incidente em
Antares’ (1994), adaptação de Nelson Nadotti e Charles Peixoto do livro
homônimo de Erico Veríssimo.
Ele
também fez parte da equipe que implementou o programa ‘Você Decide’.
Mesmo com a carreira consolidada na TV,
Paulo José nunca abandonou o teatro e o cinema.
Sua última e emocionante aparição na TV
foi como o vovô Benjamin na novela ‘Em Família’ (2014), de Manoel Carlos. Ele
era o pai de Virgílio (Humberto Martins). Como na vida real, seu personagem
sofria de Mal de Parkinson.
Por: G1 Rio