PRESIDENTE DA CPI PEDE QUE PF APURE SUSPEITA DE FRAUDE NA COMISSÃO
Quarta, 06 de Agosto de 2014
Senador Vital do Rêgo acionou policiais após denúncia de favorecimento. 'Veja' revelou que testemunhas receberam perguntas antecipadamente.
O presidente da CPI da Petrobras, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) (Crédito: (Foto: José Cruz/Ag.Senado))
A assessoria do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada no Senado para apurar denúncias contra a Petrobras, informou que o parlamentar pediu nesta terça-feira (5) que a Polícia Federal (PF) investigue denúncias de fraude no colegiado. Reportagem publicada no último final de semana pela revista "Veja" aponta que a presidente da Petrobras, Graça Foster, e dois ex-dirigentes da estatal do petróleo receberam antecipadamente as perguntas que foram feitas em seus depoimentos à CPI.
Segundo a revista, Graça Foster, o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli e o ex-diretor da área internacional da petroleira Nestor Cerveró tiveram acesso privilegiado aos questionamentos que seriam feitos por integrantes da comissão.
A reportagem relata detalhes de um vídeo de 20 minutos de duração no qual aparecem o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e uma terceira pessoa não identificada conversando sobre as perguntas que seriam formuladas, sobre quem as elaborou e sobre quem deveria recebê-las.
A assessoria de Vital do Rêgo afirmou que o senador enviou na manhã desta terça o pedido ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, para que as denúncias sejam investigadas. O G1 procurou a assessoria da PF, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
No último domingo (3), Vital havia informado que investigaria o suposto “favorecimento” às testemunhas da CPI. Na ocasião, ele disse, por meio de nota oficial, estar "surpreendido" com as denúncias sobre informações privilegiadas passadas a depoentes.
"O presidente [Vital do Rêgo] entende que qualquer favorecimento que possa levar à mitigação do poder investigatório é prejudicial ao trabalho desenvolvido pelo colegiado. Por isso e ante à necessidade de apurar responsabilidades sobre o material veiculado, além de possíveis infringências legais, solicitará ao Diretor-Geral do Senado a instauração de sindicância para o necessário esclarecimento dos fatos, sem prejuízo ao desenvolvimento dos trabalhos da comissão", dizia o comunicado.
Denúncia
Segundo a revista, José Eduardo Barrocas disse a Bruno Ferreira que as perguntas enviadas a Nestor Cerveró, que depôs no dia 22 de maio, foram elaboradas por um assessor do líder do governo no Senado, um assessor da liderança do PT no Senado e um servidor da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.
De acordo com a reportagem, antes de seu depoimento, em 20 de maio, Sergio Gabrielli também recebeu o "gabarito" – documento com perguntas e respostas, que, segundo a revista, também teria sido repassado à atual presidente da Petrobras, Graça Foster. As perguntas teriam sido passadas a Gabrielli pelo senador José Pimentel (PT-CE), relator da CPI no Senado.
Por meio de nota oficial, Pimentel negou favorecimento a depoentes e pediu que a CPI apurasse o caso.
A revista "Veja" não identifica quais são as perguntas que foram antecipadas ou o conteúdo das respostas. No vídeo, os participantes da reunião se referem a essa relação como "gabarito", para ser usado nas sessões da CPI pelos depoentes.
G1 Brasília

