'Fácil e tranquilo', disse motorista de carro-forte sobre roubo na
Paraíba
Sexta, 12 de Dezembro de 2014
Segundo delegado, vigilante serviu de consultor
para restante do grupo.
Suspeito foi preso na quarta-feira, em uma clínica em João Pessoa.
Suspeito foi preso na quarta-feira, em uma clínica em João Pessoa.
Motorista estava usando colete com artefatos que a polícia disse que eram falsos na Paraíba (Foto: Reprodução / TV Cabo Branco)
O motorista do carro-forte, preso na quarta-feira
(10) suspeito de ter participado do assalto ao veículo no dia 2 de dezembro, serviu
de consultor de crime para o restante do grupo que executou o roubo, segundo a
polícia. Thiago Sandes, delegado do Grupo de Operações Especiais da Polícia
Civil (GOE), explicou nesta quinta-feira (11) que o funcionário da empresa de
segurança indicou que roubar o carro-forte seria "fácil e tranquilo"
após ser questionado por um dos integrantes.
O vigilante, de 24 anos, foi preso em uma clínica
no bairro de Jaguaribe, na capital paraibana na manhã de quarta-feira. A prisão
aconteceu em cumprimento ao mandado de prisão preventiva expedido pela comarca
de João Pessoa.
Segundo a polícia, o homem, funcionário da empresa de transporte de valores
proprietária do veículo, simulou um sequestro e ainda forjou estar amarrado a
explosivos, que depois foram identificados pelo grupo de Ações Táticas da
Polícia Militar como falsos.
Conforme detalhou o delegado, o vigilante que dirigia o
carro-forte foi contatado por um amigo de Pernambuco, que já integrava um outro
grupo especializado em assaltos a bancos no estado vizinho, sobre as condições
do roubo. “Ele foi questionado sobre a viabilidade do roubo e repassou que
seria fácil. Ele conhecia toda a rotina da empresa, o itinerário dos carros, os
procedimentos. Então ele municiou o restante do grupo com as informações e na
véspera do roubo eles acertaram tudo”, comentou Sandes.
Até esta quinta-feira, três dos cinco
envolvidos no assalto, incluindo o motorista do carro-forte, estavam presos. Os
dois foragidos foram identificados pela polícia e os mandados de prisão
preventiva já foram solicitados à Justiça, segundo o delegado. As investigações
apontam que aproximadamente R$ 1,5 milhão foi roubado do carro-forte. Desse
valor, apenas cerca de R$ 800 mil foram recuperados, mas Thiago Sandes acredita
que o restante ainda será localizado.
“Foi um espaço de tempo curto entre o
roubo e as prisões. Pela quantia restante, acredito que pode estar escondida. E
mesmo que não esteja, nós pediremos os sequestro de bens dos suspeitos para
reaver o montante que falta”, completou. Ainda de acordo com o delegado, todos
planejaram juntos o roubo.
O
grupo foi descoberto após uma operação da polícia de Pernambuco contra uma
quadrilha especializada em roubos a agências bancárias. Parte do grupo que
roubou o carro-forte era integrante desse outro grupo que atuava no estado
vizinho. A partir dessa ação, a polícia da Paraíba avançou na investigação e
identificou a participação de uma dos funcionários da empresa de segurança no
delito.
O suspeito confessou o crime e explicou detalhes sobre o
roubo. “No dia 2 de dezembro, a quadrilha esteve bem cedo com o vigilante para
uma abordagem que deu a ideia de sequestro e amarrou no corpo dele os supostos
artefatos”, detalhou o policial. A família do motorista do carro-forte não
sabia, até a prisão dele, da participação no crime.
O dinheiro roubado seria dividido entre o
grupo no dia 4, mas a ação conjunta das polícias da Paraíba e de Pernambuco
conseguiu recuperar mais de R$ 400 mil em uma casa no bairro Alto do Mateus, em
João Pessoa, no mesmo dia. O material estava enterrado, juntamente com sete
armas de fogo, sendo seis da empresa e ainda uma pistola. Outra parte do
dinheiro foi recuperada logo depois no estado vizinho, totalizando a quantia de
R$ 816 mil.
A
princípio, o vigilante deve responder pelo crime de roubo e associação para o
crime. Novos acusações podem surgir no decorrer da investigação, segundo
Sandes. Os outros dois suspeitos presos em Pernambuco ainda serão ouvidos pela
polícia da Paraíba. O motorista do carro-forte já havia sido detido por porte
ilegal de arma.
Polícia retirou artefatos suspeitos de serem
explosivos do colete usado
pelo motorista de
carro-forte (Foto: Walter
Paparazzo/G1)
Relembre o caso
Após funcionários de duas agências bancárias denunciarem à PM que havia um carro com suspeitos rondando as agências no fim da manhã da terça-feira, a polícia intensificou as rondas nos bairros do Bessa e Manaíra, em João Pessoa, e na cidade de Cabedelo. Nas rondas em Manaíra, policiais encontraram um carro forte estacionado na avenida Umbuzeiro, que é residencial, e um dos funcionários da empresa de transporte de valores na calçada.
Após funcionários de duas agências bancárias denunciarem à PM que havia um carro com suspeitos rondando as agências no fim da manhã da terça-feira, a polícia intensificou as rondas nos bairros do Bessa e Manaíra, em João Pessoa, e na cidade de Cabedelo. Nas rondas em Manaíra, policiais encontraram um carro forte estacionado na avenida Umbuzeiro, que é residencial, e um dos funcionários da empresa de transporte de valores na calçada.
O funcionário da empresa informou para a
polícia que seis malotes com dinheiro e ainda armas e munições dos vigilantes
haviam sido levados por quatro assaltantes, em seguida mostrou o que seriam
explosivos presos à cintura, que teriam sido amarrados pelos criminosos antes
dele sair de casa para o trabalho.
Ele relatou à polícia que trabalha à noite
como vigilante em um prédio e pela manhã, quando chegou em casa, no Alto do
Mateus, foi abordado por dois ou três veículos na frente de casa. O grupo
teriam entrado na casa dele e em seguida o levou até a empresa, onde ele teria
entrado os explosivos no corpo sem chamar atenção de ninguém, se uniformizou,
pegou o carro e saiu.
"Em seguida ele recebeu uma ligação
do pessoal que estava fora para que ele informasse o número do carro que
estava, foi repassada essa informação. Então eles se dirigiram ao primeiro
banco, em um shopping e aí ele foi orientado a deixar esse local e seguir para
Manaíra, onde foi feito todo o transporte e a remoção do dinheiro do
veículo", explicou o sargento da PM Cláudio Fernandes.
Do G1 PB