Professor indonésio reafirma risco de tsunami no litoral da PB
Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2014
Desde 2007 os paraibanos são avisados para a necessidade de
monitorar as marés, ocasião em que foi feito um alerta pelo saudoso professor
do departamento de Geociência da UFPB, Paulo Rosa, para o risco de um
megatsunami atingir o Atlântico. Dessa vez quem confirmou o risco foi o
presidente do Departamento de Física da Universidade Syiah Kuala, de Banda
Aceh, Indonésia, Nazli Ismail.
Falecido
em junho de 2012, Rosa defendia que o litoral da Paraíba não era tão seguro
quanto se pensava, já que uma erupção no distante vulcão Cumbre Vieja,
localizado na Ilha de La Palma ,
nas Canárias, poderia tecnicamente provocar um desmoronamento de grandes
proporções, resultado em ondas que poderiam "viajar" em uma
velocidade de até mil quilômetros por hora (em um ângulo de 360º), atingindo o
litoral nordestino, apenas 8 horas após o início da catástrofe. "Não
estamos deitados em berço esplêndido", disse rosa em sua última entrevista
ao ClickPB, em agosto de 2011.
Em
entrevista a Rede de notícias portuguesa, RTP, Nazli foi questionado sobre a
probabilidade deste megatsunami ocorrer nas próximas décadas, o geofísico
acrescentou que "naturalmente" "os desastres pequenos acontecem
frequentemente e os grandes acontecem raramente", mas, ainda assim,
concordou que é "tecnicamente possível".
Ainda em
2011, quando concedeu entrevista a nossa equipe, Rosa lamentava a falta de
interesse das autoridades com o assunto. "Desde 2007 estamos tentando um
convênio entre UFPB, Ministério da Ciência e Tecnologia, Marinha do Brasil e
Governo do Estado, mas até hoje nada aconteceu", desabafava.
Rosa
alertou à época que é necessário que seja criado um plano de evacuação das
cidades do litoral paraibano para que, no caso de um tsunami, vidas humanas não
sejam perdidas. "Imaginemos que esta onda tivesse apenas um metro e a
mesma ocorresse em uma maré 2.8, teríamos uma onda de quase 4 metros de altura e a
maior parte do litoral paraibano não está mais de 3 metros acima do nível do
mar".
Segundo
pesquisas do Reino Unido, divulgadas no início da década, as ondas geradas por
este desastre podem passar dos 30 metros , mas sobre estes números Paulo Rosa
desconversava. "Não posso afirmar nada disso sem dispor do equipamento
adequado para que possamos fazer as projeções necessárias. Já houve um caso de
ondas de mais de 30 metros
atingindo o Canadá, justamente por um deslocamento de terra, mas é impossível
fazer esta previsão sobre o Brasil, se não temos a estrutura mínima para os
estudos", alertou o professor.
Apesar do alerta, Rosa destacou na época que não existia
motivo para pânico. "Apesar de não se saber quando ocorrerá esta
catástrofe, o ideal é fazer o monitoramento do oceano e preparar a população
para o caso de um tsunami, com informação e um plano de evacuação. Toda uma
população tentando deixar o litoral por uma única BR é algo impraticável".
Click PB