Brasileiro condenado à pena de morte por tráfico de drogas é fuzilado na Indonésia
Domingo, 18 de Janeiro de 2015
Segundo a emissora local
TV One, a execução do brasileiro e de outros cinco condenados por tráfico de
drogas aconteceu à 00h30, 15h30 do sábado no Brasil
Marco
Archer Cardoso
Carioca,
solteiro e sem filhos, Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi executado
na madrugada deste domingo (18) na Indonésia — às 16h deste sábado (17) no
horário de Brasília —, depois de passar mais de uma década no corredor da morte
por tráfico de drogas.
Segundo a emissora local TV One, a execução do brasileiro e de
outros cinco condenados por tráfico de drogas aconteceu à 00h30, 15h30 do sábado
no Brasil. A morte também foi confirmada por um porta-voz da Procuradoria Geral
do país à BBC Indonésia.
O Ministério de Relações Exteriores do Brasil ainda não
confirmou a execução, realizada por fuzilamento. A assessoria de imprensa do
Itamaraty informou, por meio de nota, que, nas primeiras horas da manhã de
domingo (noite de sábado no Brasil), as autoridades indonésias terão um
encontro com advogados e familiares das vítimas.
Por volta das 16h45 de Brasília, o advogado Bart Stapert, que
representava o holandês Ang Kiem Soei, fuzilado junto ao brasileiro, informou
pelo Twitter que a equipe médica ainda estava "tratando" os corpos e
que o acesso aos condenados ainda não tinha sido permitido.
Tráfico de drogas
O brasileiro, que trabalhava como instrutor de voo livre, foi
preso em agosto de 2003 após tentar entrar no país, pelo aeroporto de Jacarta,
com 13,4 kg de cocaína escondidos em uma asa delta desmontada.
Amigos dizem que tudo começou após o brasileiro sofrer um
acidente de voo na Indonésia. O longo período de internação hospitalar teria
rendido uma dívida de mais de R$ 100 mil para o instrutor, e transportar drogas
seria a forma que ele encontrou para pagar essa conta. “Todos os amigos
avisavam, sabiam do risco que ele estava correndo e ele sempre dizia ‘pode
deixar que eu vou parar, só vou mais essa’”, disse um dos amigos.
Condenado em 2004, Moreira se tornou, neste sábado, o primeiro
brasileiro a cumprir a pena de morte fora do País. Os outros cinco prisioneiros
— um indonésio, um holandês, um vietnamita, um malauiano e um nigeriano —
também foram executados.
Desde a condenação, o governo brasileiro fez dois pedidos de
clemência a que Moreira tinha direito. O primeiro foi rejeitado em 2006, pelo
então presidente Susilo Bambang Yudhoyono. O segundo, feito em 2008, levou mais
de cinco anos para receber uma resposta.
No final do ano passado, o novo presidente do país, Joko Widodo,
assumiu o cargo e anunciou que negaria todos os pedidos de clemência feitos por
traficantes de drogas condenados à morte no país.
A presidente Dilma Rousseff chegou a ligar na sexta-feira (16)
para o presidente da Indonésia para pedir pela vida de Moreira, mas Widodo
rejeitou o pedido e afirmou que as leis de seu país precisavam ser cumpridas.
As execuções de hoje foram as primeiras aplicadas sob a presidência de Widodo.
Em um vídeo gravado na prisão, o brasileiro também pediu uma
segunda chance: “Estou ciente que eu cometi um erro gravíssimo, mas (...) quero
voltar para o meu país, pedir perdão a toda a minha nação e mostrar para os
jovens que a droga só leva a dois caminhos, ou à prisão ou à morte”.
O cineasta Marcos Prado, que prepara um documentário sobre o
caso do brasileiro, falou por telefone com Moreira na última terça-feira (13) e
gravou a ligação. “Meu segundo pedido de clemência foi negado. Eu me encontro
no corredor da morte. Meu nome está na lista desses 12 primeiros que serão
executados. É um momento muito difícil para mim. Estou sofrendo. Sei que eu
errei. Peço às autoridades do Brasil que zelem pelo meu caso. Eu mereço mais
uma chance. Meu sonho é sair daqui e voltar para o Brasil", destacou no
depoimento.
Outro brasileiro também poderá ser executado na Indonésia ainda
este ano. O surfista Rodrigo Gularte foi preso em 2004, também no aeroporto de
Jacarta, com 12 pacotes de cocaína. A droga estava escondida em oito pranchas.
O surfista estava a caminho da ilha de Bali, acompanhado de dois
amigos, mas assumiu sozinho a autoria do crime de tráfico internacional de
drogas. O surfista teve o pedido de clemência negado e também aguarda a
execução, que deve ser realizada já em fevereiro.
Por R7