Com apenas 25 anos, Presidente da CPI da Petrobras sempre teve a vida ligada à corruptos federais
Sexta-feira, 06 de Março de 2015
Deputado Federal Hugo Motta (PMDB-PB)
O
presidente da CPI da Petrobras o deputado Hugo Motta (PMDB-PB) nasceu no berço
da política paraibana. O avô paterno, Nabor Wanderley, foi prefeito de Patos
(PB), o pai, Nabor Wanderley da Nóbrega Filho, seguiu os trilhos do pai e
também foi prefeito de Patos. O avô materno foi deputado estadual e federal, a
avó materna, Francisca Motta, foi deputada estadual e também prefeita de Patos.
Ao assumir o cargo mais importante de seus cinco anos de parlamentar, o
peemedebista de 25 anos convive com personagens que foram alvo da Polícia
Federal, a mesma instituição que deflagrou em conjunto com o Ministério Público
Federal a Operação Lava Jato.
A lista
dos investigados que cercam o deputado inclui um assessor parlamentar,
indiciado pela CPI dos Anões do Orçamento duas décadas atrás, e uma empresa
acusada pela PF de emitir notas frias para prefeituras paraibanas, à qual ele
destinou R$ 30 mil de verba da Câmara para a prestação de serviços. Em 2012, a
consultoria ajudou a avó de Hugo a conseguir recursos federais para uma obra
por meio de emenda do próprio deputado.
Operação
Dublê
Em
2011, Hugo Motta fez seis repasses mensais no valor de R$ 5 mil cada à empresa
Iramilton Sátiro da Nobrega a título de contração de consultorias. A Iramilton
Assessoria, como é mais conhecida, atua oficialmente na elaboração e
acompanhamento de projetos para prefeituras, instituições e órgãos de governo
da Paraíba. Em maio de 2012, a empresa foi alvo de buscas e apreensão a
Operação Dublê, da Polícia Federal, sob a suspeita de participar de um esquema
que, segundo a PF, desviou mais de R$ 5 milhões de verbas da saúde, da
educação, da ação social, do desenvolvimento rural e da infraestrutura urbana
em cerca de 90 cidades do interior paraibano.
Anões
do orçamento
Cotado
para presidir a CPI da Petrobras, o deputado mantém em seu gabinete o assessor
parlamentar Normando Leite Cavalcante. Em 1993, a empresa Seval, especializada
na elaboração de projetos e obtenção de recursos públicos, de propriedade de
Normando, foi apontada por parlamentares da CPI dos Anões do Orçamento como
apenas um escritório de fachada, utilizado para a concessão de projetos que
justificassem a obtenção de recursos por congressistas envolvidos no esquema.
Segundo a denúncia à época, deputados cobravam propina dos prefeitos para a
concessão de emendas parlamentares que chegava a 20%.
Um dos
deputados que mantinham contratos com a Seval era justamente Edivaldo Motta
(PMDB-PB), falecido no início dos anos 1990 e avô de Hugo Motta. Durante as
investigações, Normando Leite contou que a Seval recebia uma comissão de 7% em
cada projeto encomendado por parlamentares. Atualmente, na Câmara, Normando tem
salário de aproximadamente R$ 8 mil, incluídas as gratificações.
Doações
de investigados na Lava Jato
Como
mostrou ontem (25) a Folha de S.Paulo, 60% dos recursos declarados por Hugo
Motta em sua campanha à reeleição saíram dos cofres de duas das empresas
investigadas na Operação Lava Jato que devem ser alvo da CPI da Petrobras: a
Andrade Gutierrez, que contribuiu com R$ 451 mil, e a Odebrecht, que doou R$
742 mil. Indicado pelo PT para relatar as investigações, o deputado Luiz Sérgio
(PT-RJ) também recebeu R$ 963,5 mil (39,6% de sua arrecadação) de empreiteiras
investigadas na operação da PF: Queiroz Galvão, OAS, Toyo Setal e UTC.
Na
abertura da sessão de instalação da CPI da Petrobras, marcada para esta
quinta-feira (26), os deputados Ivan Valente (Psol-SP), titular da comissão, e
seu suplente, Edmilson Rodrigues (Psol-PA),vão protocolar um requerimento solicitando
que sejam anuladas todas as indicações de parlamentares membros da CPI que
tenham recebido, direta ou indiretamente, financiamento de campanha das
empreiteiras citadas na Lava Jato.
Fonte:
Congresso em Foco