Sexta-feira, 10 e Abril de 2015
"Antes de
encerrar, queria dizer que continuaremos firmes e fortes no intuito de
aprofundar as investigações para encontrar os verdadeiros ratos que desviaram
recursos da Petrobras", disse o presidente da CPI, Hugo Motta, ao término
da reunião da Comissão que ouviu o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
Vaccari
afirmou à CPI da Petrobras nesta quinta-feira (9) que as doações
de campanhas oficiais feitas por empresas investigadas pela Operação Lava Jato
na campanha eleitoral de 2010 não representam peso excessivo no total
arrecadado.
Réu da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, sob a acusação de
corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, o tesoureiro do PT João
Vaccari Neto é apontado como o responsável do PT por arrecadar propinas de
empresas contratadas pela Petrobras.
Segundo Vaccari, as
doações das empresas investigadas, em 2010, totalizaram R$ 135
milhões. “As doações feitas por empresas investigadas foram equivalentes
às de outras empresas”, disse Vaccari.
O tesoureiro disse ainda que não tinha a atribuição de arrecadar
recursos de campanha para o partido nas eleições de 2006 e 2010 e afirmou:
"Serei secretário de finanças até que tenha liberação do diretorio
nacional do partido".
Após fazer uma série
de acusações a Vaccari sobre sua conduta como tesoureiro do PT, o deputado
Carlos Sampaio (PSDB-SP), afirma que o petista teria ido ao escritório de
Youssef e que teria fotos que comprovavam a visita, Vaccari confirmou: "Eu
estive no escritório dele [Youssef], mas ele não estava presente.".
Vaccari afirmou que o encontro não tinha uma agenda pré determinada e que não
poderia responder sobre o assunto que seria tratado. "Essa dúvida que
o senhores têm, eu também tenho", afirmou.
"O senhor
Alberto Youssef mandou para mim o recado para que eu fosse ao escritório dele.
Nós não marcamos nada. Lá eu compareci, ele não estava e eu fui embora",
finalizou.
O tesoureiro do PT
João Vaccari Neto, ao responder pergunta da deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO)
durante sessão da CPI da Petrobras, admitiu ser submetido a um teste com
detector de mentiras. “Eu já disse aqui estar à disposição das autoridades”,
disse.
Ao ser questionado
sobre as declarações do ex-gerente de Serviços e Tecnologia da Petrobras Pedro
Barusco, de que fazia pedidos de empreiteiras a dirigentes da Petrobras,
Vaccari Neto afirmou: "As declarações do senhor Pedro Barusco, nos termos
que está na delação premiada, no que se refere a minha pessoa, não são
verdadeiras. E ele também não é das minhas relações", disse repetidamente
Vaccari.
O tesoureiro do PT
disse ainda que está à disposição caso a comissão queira promover uma acareação
entre ele e Barusco, que o acusou em depoimento de receber propinas de empresas
contratadas pela estatal relativas a cerca de 90 contratos da Petrobras.
Segundo Barusco, Vaccari teria recebido algo entre 150 e 200 milhões de
dólares, dinheiro recebido em nome do PT. Vaccari respondeu que faria acareação
após pergunta do deputado Bruno Covas (PSDB-SP), 2º sub-relator da CPI.
Vaccari negou qualquer arrecadação ilegal feita pelo PT e disse que só
conheceu Barusco quando este já tinha deixado a Petrobras. “As afirmações dele
não são verdadeiras”, disse.
A CPI da Petrobras
ainda não aprovou requerimento de acareação entre Vaccari e Barusco.
Sampaio, ao interrogar Vaccari, disse que este tinha inovado ao tratar
de propinas.
“Existem relatos de que o senhor recebeu propinas por intermédio
de um mensageiro de moto que foi ao diretório nacional do PT. Inventou o propina
delivery”, disse Sampaio. “E também inovou ao fazer uma troca de propina com
Pedro Barusco, que tinha uma propina a receber de uma empresa com quem o senhor
tinha boas relações”, prosseguiu, remetendo aos depoimentos da delação premiada
de Barusco à Justiça Federal.
“O senhor tinha
intimidade com Barusco?”, perguntou Sampaio. Diante da negativa, o deputado não
conteve a irritação: “Acha que nós somos palhaços?”.
O deputado Onix
Lorenzoni (DEM-RS) chamou Vaccari Neto de mentiroso. "O senhor
mentiu aqui hoje. Se o senhor estivesse na condição de acusado, iria sair daqui
algemado". "O senhor era operador petista, orientado por Jose
Dirceu, para saquear, roubar a Petrobras". Segundo Lorenzoni, os
encontros de Vaccari Neto com empresários, começaram antes mesmo do petista
assumir o cargo de tesoureiro do partido em 2010.
Questionado pelo
deputado Julio Delgado (PSDB-MG), Vaccari Neto definiu a sua relação com
Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, como "amistoso
social".
"O meu
relacionamento com Renato Duque é amistoso social. É uma pessoa com qual eu
gosto de conversar e discutir politica. É uma relação que eu exerci, hoje não
exerço mais, amistosa".
Ao deputado Ivan
Valente (Psol-SP), o tesoureiro disse não ser amigo de Duque. "Não digo
que era amigo dele porque nunca fui a casa dele".
Quando o deputado
Delegado Waldir fez perguntas ao tesoureiro do PT, acusando Vaccari e o partido
de roubar o Brasil, a deputada Maria do Rosário questionou se o deputado
"passou no psicotécnico". Vaccari por sua vez disse que não aceitava
as acusações.
Confusão
A CPI na Câmara dos Deputados começou sem a presença do acusado,
que chegou por volta das 10h40 ao plenário. Houve uma grande confusão no
momento da entrada de João Vaccari Neto, quando foram soltos ratos
na sala. Foi chamada a Polícia Legislativa.
Na quarta-feira (8),
o ministro Teorizi Zavascki, do STF, autorizou o petista a comparecer à
comissão na condição de acusado, e não de testemunha. Assim, ele poderia ficar
calado durante toda a sessão.
Vaccari afirmou que
poderia se calar, devido à decisão do STF, mas que tem respondido a todas as
perguntas. "Respondo porque tenho dito que estou à disposição das
autoridades nas investigações".
A principal linha de defesa de Vaccari, comoadiantou o Poder Online,
será demonstrar que as mesmas empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato
fizeram a doações a vários outros partidos, inclusive ao PSDB, usando o mesmo
modelo.
CPI
da Petrobras
A CPI já ouviu o
ex-gerente geral da refinaria Abreu e Lima, Glauco Legatti, os ex-presidentes
Graça Foster e José Sérgio Gabrielli, o ex-diretor de Serviços da estatal
Renato Duque e o ex-gerente-executivo da Diretoria de Serviços da estatal Pedro
Barusco. Voluntariamente, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), também prestou esclarecimentos sobre as acusações de suposto
envolvimento dele no esquema.
O empresário Augusto
Mendonça Neto, da empresa Toyo Setal, será ouvido no dia 14 de abril. Em
delação premiada, ele disse ter pago propina ao ex-diretor de Serviços da
Petrobras Renato Duque, dinheiro que seria destinado ao PT. Segundo ele, o
partido teria recebido ó de desvios das obras da Refinaria do Paraná (Repar),
entre 2008 e 2011, R$ 4 milhões.
No cronograma também
está previsto o depoimento do presidente do BNDES, Luciano Coutinho no dia 16.
O banco financiou a criação da empresa Setebrasil, empresa acusada de
subcontratar estaleiros que teriam efetuado o pagamento de propinas.
Da redação com IG