Quinta-feira, 16 de Julho de 2015
Alimento modificado aumenta atividade de
enzima vinculada à memória. Pesquisa foi feita por equipe da USP e publicada em
revista científica.
O
consumo de manteiga enriquecida com um tipoespecial de ácido graxo extraído do leite ajuda
notratamento de pacientes na fase inicial do
Alzheimer, indicaram pesquisadores brasileiros em um experimento realizado com
ratos de laboratório.
As
provas demonstraram que uma dieta rica nessa manteiga modificada aumenta a
atividade de uma enzima vinculada à memória e reduz os danos provocados pela
doença nesta função, segundo um comunicado da Universidade de São Paulo (USP),
responsável pela pesquisa.
Os
resultados do projeto, conduzido pelos pesquisadores do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, foram destacados na última edição
da revista científica internacional "Journal of Neural Transmission".
Segundo
os pesquisadores, o chamado ácido linoleíco conjugado, um ácido graxo que pode
ser extraído das gorduras dos lácteos, ajuda o organismo a elevar a atividade
no cérebro da fosfolipase A2, uma enzima com ação sobre a memória.
Idosos
com idade a partir de 75 anos fazem parte do
grupo de pessoas que mais podem ser afetadas pela doença.
Pessoas
que tiveram depressão ao longo da vida correm um risco maior de desenvolver
Alzheimer quando mais velhos
Metabolismo alterado
De
acordo com os responsáveis pelo projeto, a enzima atua diretamente sobre as
gorduras que constituem as membranas celulares, que, entre outras funções,
ajudam na formação da memória.
Em
pacientes saudáveis estas membranas são flexíveis e se renovam periodicamente,
mas nos portadores de Alzheimer são rígidas, o que dificulta a liberação dos
ácidos graxos, além de não serem substituídas na mesma velocidade.
"Vimos
que a ação desta enzima é alterada nos pacientes com Alzheimer, por isso
começamos a analisar como poderíamos alterar o metabolismo da fosfolipase A2
nestes pacientes", explicou a chefe do Laboratório de Neurociências da
USP, Leda Talib, que coordenou o projeto.
Os
experimentos com ratos, que começaram a ser realizados há cinco anos, mostraram
que o tratamento é eficaz em pacientes no estágio inicial da doença, mas os
pesquisadores tentam estabelecer se também pode prevenir o Alzheimer.
"Quando os sintomas começam a aparecer é porque a doença já está
estabelecida. Não sabemos em que momento ela começa, mas vamos investigar para
estabelecer se o tratamento também pode ser preventivo", disse.
Talib
acrescentou que ainda serão realizados outros experimentos com ratos para
descobrir os efeitos colaterais da dieta rica em manteiga modificada antes de
iniciar a fase de testes clínicos com humanos. "Precisamos saber se essa
dieta pode provocar danos na saúde", esclareceu.
Estima-se
que existam 44 milhões de pessoas vivendo com a doença em todo o mundo, número
que deve triplicar até 2050. A enfermidade ataca o cérebro
"silenciosamente" por mais de uma década antes que os sintomas
surjam.
Geralmente,
o Alzheimer pode apresentar sintomas a partir dos 65 anos. Idosos com idade a
partir de 75 anos fazem parte do grupo de pessoas que mais podem ser afetadas
pela doença. Pessoas que tiveram depressão ao longo da vida correm um risco
maior de desenvolver Alzheimer quando mais velhos. Diabéticos também têm mais
chance de serem afetados, principalmente pacientes com diabetes tipo 2.
Exercícios
contra o Alzheimer
O
diagnóstico precoce da doença é essencial, explica a neurocientista Carla
Tieppo.
Segundo ela, quanto antes descobrir e começar o tratamento, melhor.
Não
existe prevenção, mas dá para retardar o aparecimento dos sintomas. Exercícios
físicos e cerebrais, alimentação e sono podem ajudar., explica a especialista.
G1

